Brett Morgen teve tudo o que quis. Agora que a aventura de “Moonage Daydream” está concluída (ele chamou-lhe uma “odisseia cinematográfica”...), pode muito bem considerar-se um privilegiado. Pouco tempo depois da morte de Bowie, em janeiro de 2016, os herdeiros deixaram à disposição do cineasta californiano uma mina de ouro de arquivos inéditos, acesso único a milhares de horas de gravações privadas, home movies, blocos de apontamentos, desenhos e até pinturas que ninguém fora da esfera familiar do fabuloso artista conseguira ver até então.
Não contente com a porta da caverna de Ali Babá aberta a título excecional, fiel a um modus operandi que já utilizara no filme sobre o líder dos Nirvana em “Cobain: Montage of Heck” (2015), Morgen continuou a acumular documentos do autor de ‘Life on Mars?’ das prateleiras das televisões britânica e americana à neozelandesa. Há concertos filmados — alguns bem célebres, como os que D.A. Pennebaker filmou entre 1972 e 1973 ao longo da tournée de “Ziggy Stardust” — desabafos de bastidores, participações em talk-shows (o inevitável Dick Cavett) com oscilações de humor sempre imprevisíveis da parte de Bowie, homem de mil segredos e mil caras, tanto que lhe chamaram “camaleão do rock”, mas sempre sincero com a persona que em determinado momento e em determinado lugar encarnava, e com uma simplicidade desarmante, ciente da idolatria que o rodeava e da sua potência no espaço público.
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