A Revista do Expresso

Diário num país sem tomates: retrato de um Reino Unido de prateleiras vazias

31 março 2023 8:14

Tiago Miranda

Tiago Miranda

fotografias

Fotojornalista

Os supermercados britânicos estão com falta de legumes frescos desde o final de fevereiro. A escassez vai manter-se até maio. As causas serão múltiplas (‘Brexit’, mau tempo, custos energéticos), mas o que não falta mesmo são os nabos

31 março 2023 8:14

Tiago Miranda

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No dia 18 de fevereiro, um sábado, as mensagens de alerta começaram a circular no grupo WhatsApp da minha rua. “Já foram ao supermercado hoje? Parece que voltámos aos dias da pandemia com (a falta do) papel higiénico. Saladas, nada. Tomates, nada. Verduras, nada.” Horas depois, as redes sociais começam a encher-se com relatos semelhantes e fotografias tiradas um pouco por todo o país: mostram as caixas vazias e as bancas desertas nas secções de legumes dos mercados britânicos. O supermercado Waitrose do meu bairro pôs letreiros pedindo desculpa pela escassez: “Em virtude do mau tempo no sul de Espanha e norte de África, estes produtos estão temporariamente esgotados.”

O problema é geral. As principais cadeias de supermercados começam a racionar as doses limitadas de legumes e verduras que conseguem encontrar. Nas redes Tesco e Aldi, os clientes não podem comprar mais do que três unidades (ou embalagens) de tomates, pepinos e alfaces. O supermercado Morrisons, com 497 lojas por todo o país, acrescenta os pimentos à lista e aplica um limite, mais severo, de duas unidades por cabeça. A rede Asda alarga o racionamento aos brócolos, couve-flor, framboesas e saladas pré-embaladas. Alguns supermercados da Tesco, líder de mercado no país, usam fotos de laranjas ou de pepinos para cobrir as bancas desertas. A penúria de tomates é a mais séria. As redes sociais adotaram as hashtags #tomatogate e #saladwars.

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