A Revista do Expresso

Como o Noma tornou o ‘fine-dining’ muito pior

4 fevereiro 2023 9:18

Rob Anderson *

TRABALHO “Café de Paris”, de Jean Leon Pallière, exposto no Museo Histórico Nacional del Cabildo y de la Revolucion de Mayo, da cidade de Buenos Aires

deagostini/getty images

Um negócio que constrói riqueza e nome sem pagar nada, nem sequer o salário mínimo, a quase metade dos seus trabalhadores não merece ser celebrado, independentemente do quão excecional seja o seu produto

4 fevereiro 2023 9:18

Rob Anderson *

esmo que nunca tenha comido no Noma, já comeu no Noma. Ou, pelo menos, nalgum lugar que tenta ser uma pequena versão do influente restaurante de Copenhaga, onde abelhas operárias de pinça na mão andam obcecadas com cada microvegetal para que cada pedaço de comida pareça e tenha um sabor transcendente.

Quando o chefe René Redzepi anunciou na semana passada que, no final do próximo ano, o Noma fechará as suas portas ao público e se transformará no Noma 3.0 — uma espécie de incubadora, restaurante pop-up e laboratório de comida ao estilo de Willy Wonka, o “The New York Times” previu que a notícia “atingiria o mundo culinário como um tsunami”. Mas quem trabalha na indústria da restauração não recebeu esta notícia como um evento sísmico, mas sim como o som abafado de uma colher de prata a cair numa carpete macia da sala de jantar.

*chefe e proprietário do restaurante Canteen, em Provincetown, Massachusetts/“The Atlantic”