25 novembro 2022 17:05

Protagonistas Costa Gomes e Otelo Saraiva de Carvalho em frente ao Palácio de Belém. Presidente da República trouxe o capitão de Abril à porta para mostrar aos manifestantes que este não estava detido
arquivo a capital
Vasco Lourenço revela o nome do militante comunista que ao telefone deu a ordem de avanço e, depois, recuo para as forças comunistas a 25 de novembro de 1975. Seria golpe de Estado? Ou apenas um forma de marcar posição? E promovido por quem? E quantas forças, da esquerda à direita, tinham planos de ataque? O dia em que o PREC acabou continua a dividir a sociedade portuguesa
25 novembro 2022 17:05
O
telefone tocou já depois das cinco da manhã. No Serviço Diretor e Coordenação da Informação das Forças Armadas (SDCI), no edifício Grão Pará na Rua Castilho em Lisboa, Luís Pessoa atendeu a chamada de Jaime Serra, membro do Comité Central e responsável pela ligação aos militares mais bem colocados, para “acionar o plano combinado”. A ordem, do responsável comunista pela ligação às Forças Armadas, era para avançar. “Terminada a chamada, Pessoa, militar comunista, sabia o número para o qual ligar a seguir, conhecia a senha e a contra senha, desconhecia contudo para onde ligava, sabendo apenas que ia ter um sargento do outro lado da linha.” A conversa seria curta. “‘Camarada, sabe o que é para fazer?’, ‘Sei, sim senhor’, ‘Então avance.’ A estrutura dos sargentos dentro dos paraquedistas deveria transformar a ida às unidades numa demonstração de força, com ocupação e com prisão de alguns comandantes. Em Monsanto detêm um conselheiro da revolução, o general [Aníbal Pinho] Freire”, conta Vasco Lourenço, capitão de Abril e à época conselheiro da revolução. “Para nós, o que era isto? Uma tentativa de golpe”, recorda sobre as primeiras horas do dia 25 de Novembro de 1975. E terá sido? Seria o objetivo um golpe de Estado? Motivado pelo PCP ou pelos partidos à sua esquerda? E a direita por onde andava?