21 outubro 2022 20:07

Dedicação Orlena Scoville trabalhando na reconstituição de painéis de azulejos, circa 1938
fundo scoville/museu palácio da bacalhôa
Durante a II Guerra Mundial não seriam só as fronteiras a sul do Tejo a representar a esperança para os que fugiam do conflito. Um mergulho no arquivo pessoal de Orlena Scoville — com milhares de documentos — dá a dimensão das causas que abraçou durante este período. Mas Portugal tem para com ela uma outra dívida de gratidão: a recuperação do magnífico palácio quinhentista da Bacalhôa
21 outubro 2022 20:07
Em 1935, chegava a Lisboa Orlena Zabriskie Scoville, uma americana de 48 anos especialista em História da Arte. Com ela, viajava um casal amigo que residia em França. Trava-se do aguarelista Arthur Romilly Fedden (1875-1939) e de sua mulher, a escritora Katharine Waldo Douglas (1870-1939). O objetivo era publicarem, em conjunto, um livro sobre o país. A Orlena caberia o capítulo sobre azulejaria portuguesa. A morte prematura dos Fedden, em 1939, em consequência de um terrível acidente no Sud Express quando viajavam para Lisboa impediria a concretização do projeto.
Seria durante essa primeira viagem que, em Vila Fresca de Azeitão, Orlena Scoville descobriria a Bacalhôa, um encantador, mas arruinado palácio quinhentista, onde numa das suas dependências se amontoavam azulejos dos séculos XV e XVI. Seria amor à primeira vista. Depois de complicadas negociações com o proprietário, Raul Martins Leitão, Orlena adquiria a propriedade em abril do ano seguinte. Refere a sua bisneta, Claire Scoville que a bisavó, mal viu o palácio soube “que tinha que salvar aquele lugar”. E salvou. Coisa que o Estado português nunca fez.