14 agosto 2022 9:44

david levene/eyevine/4see
Dramaturgo e ficcionista, considera-se, acima de tudo, um poeta. É um ícone artístico da Noruega, com direito a residência no jardim do palácio real. Ao Expresso falou da forma como escreve, do modo como entende a religião e a morte, e da paisagem agreste dos fiordes que molda o fluxo imparável da sua linguagem
14 agosto 2022 9:44
Seis da tarde em ponto, num dos cafés mais antigos de Oslo: o Kaffistova. Na mesa do canto, junto à janela que dá para a rua Rosenkrantz, espera-nos aquele que é provavelmente o mais importante escritor norueguês vivo. Ficcionista, dramaturgo, poeta e ensaísta extraordinariamente prolífico, com cerca de 60 obras publicadas nos últimos 40 anos, já venceu todos os principais prémios literários do seu país e da Escandinávia, constando anualmente da lista de favoritos para o Nobel de Literatura. Em 2011, o rei Harald V atribuiu-lhe uma das maiores honras nacionais: o usufruto da Grotten, uma residência dentro do perímetro do palácio real (a poucas centenas de metros do Kaffistova), pelo altos contributos para a arte e cultura da Noruega.
Bem-disposto, Fosse explica que na Áustria, onde vive parte do ano, há bons cafés por todo o lado, mas que em Oslo é cada vez mais difícil encontrar um espaço como este, onde impere a atmosfera do início do século XX, que tanto lhe agrada. “Em Lisboa também há bons cafés”, assinala, lembrando-se dos tempos passados na capital portuguesa, a assistir à montagem de peças teatrais suas pelos Artistas Unidos, de Jorge Silva Melo. “Era muito amigo dele, fiquei devastado ao saber da sua morte.”