Governo

Governo dá meia volta e vai contra Mário Centeno

21 abril 2023 22:32

João Silvestre

João Silvestre

Editor de Economia

ana baiao

Costa e Medina mudaram de rumo estratégico nas políticas de combate à inflação e chocam de frente com o que defende o ex-ministro, atual governador do Banco de Portugal

21 abril 2023 22:32

João Silvestre

João Silvestre

Editor de Economia

O “Ronaldo das Finanças” de António Costa agora é outro e a política também. Com Fernando Medina à frente do ministério mudou a tática e a estratégia de gestão orçamental. O ministro surpreendeu esta semana ao anunciar que para 2024 haverá mais mil milhões de despesa permanente para pagamento integral de pensões. A manta esticou mais um bocado e, à tarde, entrou o primeiro-ministro em cena com o anúncio de que tal seria já pago a partir de julho. Medidas de grande abrangência e que produzem despesa permanente, que vão contra o que era defendido por Mário Centeno quando era ministro das Finanças, mas também contra o que tem defendido que devem ser as medidas para gerir a inflação.

A medida ainda era fresca, mas Centeno sabia bem o que significava o IVA zero nos produtos alimentares. Contudo, questionado sobre o assunto, disse apenas que tudo o que forem “medidas temporárias, focadas no desafio” e que “não gerem contravapor com a política monetária, são bem-vindas”. O recado tinha o Governo, e em especial o Terreiro do Paço, como destinatário. O IVA zero não era uma medida focada em franjas da população, pode ser menos temporária do que os seis meses previstos — Costa já admitiu voltar a sentar-se à mesa com as empresas de distribuição — e gera o tal “contravapor”. Mas nada comparado com o que farão as pensões.