Em política, nenhuma palavra é indiferente. E as que Pedro Passos Coelho escolheu esta terça-feira para se referir a António Costa e, por arrasto, a Marcelo Rebelo de Sousa, e para se referir ao PSD, e por arrasto a Luís Montenegro, devem ser lidas com a devida subtileza. Em particular quando o ex-primeiro-ministro aludiu à preparação política do partido e aos tempos da política.
“Cada um tem o seu tempo e este tempo não me pertence.” Esqueça-se tudo o que Passos já disse, como a famosa frase “estou na reserva”, ou tudo o que já disseram por ele. Desta vez foi ‘on the record’, para as televisões todas, e assim para o país, que o antigo primeiro-ministro disse que este não é o momento de um regresso que boa parte da direita anda a pedir quase desde a saída de cena, já lá vão perto de seis anos.
É certo que Passos não disse que este “ainda” não é o tempo, mas a imagem de alguém afastado da cena política, a vê-la de fora, que aguarda silenciosa e calmamente a sua hora, está-lhe colada. E fica assim escrita na pedra.
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