Marques Mendes: "João Galamba, na prática, já não é ministro. É um cadáver político que ainda mexe"
Comentador da SIC considera que reação de António Costa foi “uma declaração de guerra” e “o seu pior erro político” desde que é primeiro-ministro
Comentador da SIC considera que reação de António Costa foi “uma declaração de guerra” e “o seu pior erro político” desde que é primeiro-ministro
Luís Marques Mendes aponta que António Costa cometeu um “erro” ao segurar João Galamba como ministro das Infraestruturas.
Falando no habitual espaço de comentário de domingo no “Jornal da Noite” da SIC, o comentador considera que não existe qualquer motivo para manter Galamba no cargo. Assim, argumenta que este caso foi o “pretexto” encontrado pelo primeiro-ministro para “fazer uma rutura premeditada" com o Presidente da República. Depois de meses com ameaças de dissolução do Governo, Costa “bateu o pé” para mostrar a Marcelo “quem manda”. “E isto é legítimo, mas é arriscado."
Contudo, e embora admita que António Costa “até pode ter razão de queixa”, diz que a reação que teve foi “desproporcionada”, “uma declaração de guerra” e “o pior erro político” desde que é primeiro-ministro.
O comentador argumenta que comprar uma guerra com o Presidente nunca é vantajoso e que embora esta tenha sido uma vitória a curto prazo, “esqueceu o médio prazo”. Ao "menosprezar" Marcelo, ao tentar humilhá-lo, António Costa “marca o presente e o futuro do Governo e da legislatura”. Ficou “mais isolado” e comprou um conflito com o PR, deitando a vantagem que tinha ao ter um “Presidente aliado”, diz.
E isso traz várias consequências: “Primeiro, tem um Governo com menos um ministro. João Galamba, na prática, já não tem autoridade para ser ministro. Isso é óbvio para toda a gente. É um cadáver político que ainda mexe”, afirma.
Depois, a “remodelação profunda” desejada por “muitos” passa a ser “do domínio da ficção”. E claro, o Governo fica “mais fragilizado” e sob vigilância do PR.
“O Governo tem agora um novo desafio: tentar governar melhor com condições mais adversas. Ter menos trapalhadas e mais resultados.”
Ainda assim, Marques Mendes considera que este não é necessariamente o fim deste Governo e que se a oposição pensar isso estará a menosprezar Costa.
Luís Marques Mendes considera que dissolver o Parlamento era neste momento “absolutamente indesejável” e “impossível”.
Por um lado, seria “uma loucura” acrescentar uma crise política quando o país “está no auge” de uma séria crise social. Por outro, seria um “crime político” acabar com a Comissão de Inquérito à TAP. Mais, tal pareceria uma “vingança” do PR, o que não pode acontecer “no plano do Estado”.
Ainda assim, a dissolução futura tornou-se “mais provável”, antevê. Esta semana foi uma “pré-dissolução” e Costa deixou Marcelo “mais livre” para o fazer com esta “declaração de guerra”.
Evitar eleições antecipadas “está nas mãos do Governo”, mas para isso será necessário “ter menos ‘casos’ e mais resultados”, travar a “degradação" que começou no ano passado com Pedro Nuno Santos e a decisão sobre o aeroporto.
Em todo o caso, Marques Mendes acredita que “esta crise podia e devia ter sido evitada". Trata-se de uma crise “desnecessária” e “difícil de compreender pelo cidadão comum”. E é uma “loucura”, quando o país tem uma "crise social, um problema de inflação, de perda de poder de compra dos salários e das pensões, do crédito à habitação. Agora, ainda vamos acrescentar uma crise política, um conflito entre órgãos de soberania.”
Argumentando que esta crise poderia ter sido evitada em vários momentos, Marques Mendes diz concordar com o ex-ministro Vieira da Silva, que disse ser precisa mais maturidade na governação.
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