Rui Rocha insiste que Governo está numa "dinâmica de destruição" e IL está "preparada" para garantir alternativa
Rui Rocha, presidente do Iniciativa Liberal
PAULO NOVAIS/LUSA
À saída da audiência com o Presidente da República, o líder da Iniciativa Liberal (IL) manifestou-se preocupado com "degradação das instituições" e reafirmou que o partido está “preparado” para integrar uma solução de direita para o país
A audiência em Belém pedida há quase dois meses pela Iniciativa Liberal (IL) seria para apelar ao voto antecipado em mobilidade nas regionais da Madeira, mas a situação política acabou por impor-se, uma semana depois de o Presidente da República ter recebido também os líderes do PSD e do Chega. À saída, Rui Rocha insistiu que o Governo do PS está “esgotado” e a IL está preparada para fazer parte de uma alternativa de direita.
“Manifestei ao Presidente o compromisso da IL na criação de uma alternativa política. Estamos de facto perante a evidência do esgotamento da solução política atual e a IL quer ser parte da solução política a construir para transformar Portugal. A IL faz parte da solução. Uma solução não de mudar um Governo por mudar para que tudo continue na mesma, mas porque é preciso mudar o país e é preciso mudar este cenário de estagnação”, disse o líder da IL, em declarações aos jornalistas.
Depois de Luís Montenegro ter fechado a porta ao Chega, Rui Rocha voltou também a recusar qualquer acordo com o partido de André Ventura, defendendo que pode ser encontrada uma solução de direita sem “ressabiamento”, “conflito” e a “estridência a sobrepor-se à confiança”. “Mas recusamos também completamente esta solução socialista que conduz sistematicamente à estagnação do país, falta de crescimento económico e com isso falta de crescimento social”, acrescentou.
Com Marcelo a afastar para já o cenário de dissolução do Parlamento, mas deixando sempre essa hipótese no ar, o líder dos liberais manifestou a sua “enorme preocupação” face à “degradação” das instituições, apontando para os dados revelados na comissão de inquérito à TAP ou as questões relacionadas com a escolha do Procurador Europeu. “Recordo que estamos na véspera do 49.º aniversário do 25 de Abril. A comemoração do 50.º aniversário não se pode fazer com dúvidas sobre a Justiça, a eminência e o perigo de termos processos muito importantes para a clarificação e pacificação da sociedade portuguesa num cenário de prescrição generalizada dos processos por falta de celeridade e resposta da Justiça aos portugueses”, advertiu.
O primeiro-ministro, defendeu ainda o líder da IL, está já “em campanha eleitoral”, multiplicando-se nas últimas semanas em entrevistas e mostrando-se “completamente focado para dentro do partido”, sem apresentar as soluções necessárias para o país. “O PS está numa dinâmica de destruição da sua própria solução. O primeiro-ministro está com tempos muito curtos, está em constante campanha eleitoral, constantemente a apresentar medidas porque sente que o país lhe está a fugir”, atirou.
Sobre o tema que levou a IL a pedir esta audiência, Rui Rocha explicou que teve oportunidade de pedir apoio ao chefe de Estado para que o voto antecipado em mobilidade esteja disponível nas eleições regionais, que serão agendadas para o início do outono. “Não se compreenderia, seria um entorce aos princípios democráticos e ao princípio da representação se tal não acontecer, e para a necessidade de combater a abstenção”, concluiu.
Foi a 3 de março, que o líder liberal alertou no Expresso num artigo de opinião intitulado “Os madeirenses não são portugueses de segunda, Sr. Presidente!” para a necessidade de o voto antecipado em mobilidade estar também disponível nas eleições regionais deste ano.
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