Reúnem-se semanalmente para recontarem experiências suportadas há 50 anos quando combateram uma guerra que não lhes pertencia. João, Francisco e Dourado fundaram a Associação dos ex-combatentes em Ferreiros, distrito de Braga. Dos 110 associados, 30 já morreram. Os veteranos do Ultramar são menos a cada dia e sentem-se mais invisíveis do que nunca
“Mãe, receba esta simples foto, como se fosse um postal. E, ao mesmo tempo, para lhe desejar um Natal feliz e um ano novo cheio de felicidade, pois o meu é como tem de ser”. Lê-se no verso da fotografia que João Araújo enviou à mãe enquanto combatia por Portugal no Norte de Angola.Aponta duas fotografias, “são minas”, diz, enquanto noutra identifica o “buraco de um morteiro que rebentou contra a parede do quartel durante uma partida de futebol”. Despede-se, com os olhos vivos e regressa ao jogo de cartas. Um pouco surdo, é preciso falar-lhe alto. Um físico invejável revela-se-lhe em fotografias captadas há cinquenta anos. Já os perdeu, ao físico e à mãe; tem 72 anos, o tempo não perdoa.
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