Comentador SIC Notícias dá três argumentos para ver como positiva descolagem do PSD face ao Chega. E lança nomes de Rui Moreira e Marta Temido como possíveis candidatos às europeias de 2024
Jornalista
Foi a grande novidade da entrevista do líder do PSD na passada sexta-feira: de uma vez por todas, Luís Montenegro garantiu que não conta com o Chega para “apoio político” de qualquer espécie. A posição de rutura face ao partido de André Ventura é positiva para Marques Mendes, analista político da SIC Notícias e ex-líder do PSD, mas tardou.
“Não percebo por que o PSD demorou tanto tempo a clarificar” a questão do Chega, disse Marques Mendes. “Agora que cortou com ambiguidade, só posso elogiar.”
Como faz repetidas vezes, o comentador dividiu em três os argumentos para ver como boa a descolagem de Montenegro face a Ventura. Por um lado, “acaba com o ruído em torno do PSD por causa do Chega, que não permitia que as mensagens passassem” e por outro dá “um sinal de atenção ao centro”. Para Marques Mendes, os eleitores de centro que estejam por esta altura desiludidos com o Governo do PS podem aproximar-se de um PSD sem o fantasma do Chega.
Por fim, e decorrente do segundo argumento, o terceiro é o voto útil à direita. “Muitos perceberão que o voto decisivo é no PSD e que o voto no Chega até pode ter um efeito contraproducente”, notou Marques Mendes.
Parte significativa da entrevista de Montenegro à CNN Portugal, e do aftermath, foi em torno da questão Ventura. O ex-líder laranja viu, no entanto, mais motivos de elogio.
“Montenegro teve a melhor entrevista até hoje, a mais feliz de todas”, acrescentou, com uma “mensagem mais para dentro, de que quer ganhar as [eleições] europeias, mas se não ganhar, não vai embora” e, para fora, “fez uma demarcação com elegância” em relação a Marcelo Rebelo de Sousa, reafirmando-se como alternativa ao Governo socialista.
Isto depois de, na passada segunda-feira, o Presidente da República ter voltado a dizer que os portugueses não veem alternativa de Governo, ideia com que Marques Mendes até concorda. “É preciso tempo.”
O comentador da SIC Notícias falou ainda sobre o caso Boaventura Sousa Santos — considerando que a presunção de inocência não está em causa, mas lembrando que há já várias denúncias —, sobre o IVA zero, que considera uma boa medida — “estou convencido que trará resultados” — e sobre crescimento económico, apontando ao “problema de impostos altos” no país. Mas foi mesmo sobre política que fez novas previsões.
Há meses que Rui Moreira, atual presidente da Câmara do Porto, tem sido apontado como possível candidato do PSD às próximas eleições europeias (2024). O autarca recusa sempre responder taxativamente sobre isso, mantendo o tabu. Marques Mendes adensa-o.
“Acho que é muito provável que seja Rui Moreira” o candidato social-democrata, disse o também social-democrata, que considera o autarca do Porto um “homem de grande prestígio e muito popular”.
Quanto ao outro grande partido, Marques Mendes tem um nome: Marta Temido. A ex-ministra da Saúde tem sido insistentemente apontada como possível candidata a Lisboa pelo PS, nas autárquicas de 2025. É, aliás, líder da concelhia socialista na capital.
“Tanto quanto sei, há um determinado perfil e ela é a mais popular”, atirou Marques Mendes, recordando a sondagem da Intercampus, divulgada este domingo, que coloca Temido como a adversária mais difícil para Montenegro numa eventual eleição (a sondagem é feita a pensar num futuro pós-António Costa no PS).
A fechar, Marques Mendes ainda criticou as palavras de Lula da Silva sobre o papel dos EUA e da União Europeia em relação à guerra na Ucrânia. “Acho inaceitáveis.”
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