15 abril 2023 20:02

Pedro Nuno Santos, com Hugo Mendes, numa audição parlamentar, em outubro
tiago petinga/lusa
Ex-ministro vai tentar apoiar-se nos “bons resultados” da TAP e repartir responsabilidades. Socialistas dão-lhe tempo, mas já olham para outras vias
15 abril 2023 20:02
O aparelho socialista está “abalado” com o que tem vindo a público na comissão de inquérito à TAP. “O que têm dito é que parece que está tudo entregue a pessoas sem experiência”, resume ao Expresso um dirigente federativo que tem sentido o pulso às bases do partido. A sensação generalizada é de que, desta vez, o mais bem posicionado candidato ao pós-costismo pode ter sido — mesmo — ferido de morte, sobretudo depois da forma como foi relatado que o seu secretário de Estado, Hugo Mendes, fazia a ponte entre a tutela e a companhia aérea. Mas os estragos serão irreversíveis? Ninguém arrisca. Pelo sim pelo não, o leque de candidatos à sucessão vai engordando. “Daqui até lá, dá para enterrar os vivos e fazer nascer outros novos…”, ouve o Expresso de um dirigente.
António Costa ameaçou abrir guerra dentro do partido quando, esta semana, rompendo com o silêncio estratégico a que se tem votado sobre o que se passa na comissão de inquérito, disparou contra o já demitido Hugo Mendes, para, de caminho, atingir em cheio o também já demitido Pedro Nuno Santos (ver texto página 8). “O que [António] Costa fez não se faz, anda toda a gente a salvar a sua pele”, diz um socialista próximo de Pedro Nuno, que registou em particular o momento de “cobardia” em que o primeiro-ministro disse que sempre divergiu da forma como o seu ex-ministro se relacionava com as empresas públicas, acrescentando que difere muito do “relacionamento estratégico que [outros] ministros mantêm com o Metro, a Caixa Geral de Depósitos ou a Águas de Portugal, por exemplo”. Outros ministros são, no caso, Fernando Medina e Duarte Cordeiro, outros putativos candidatos à sucessão que Costa veria com melhores olhos a ocupar o lugar de topo do Largo do Rato.