O secretário-geral do PCP considerou esta quinta-feira que o Governo não está a dar resposta aos problemas da juventude em questões como a educação, os salários, ou a habitação, defendendo que “os jovens não são o futuro, são o presente”.
“Os problemas [da juventude] são muitos, o Governo não dá resposta. Podemos falar em várias questões, nomeadamente as do emprego, da precariedade, dos baixos salários, mas também do alojamento estudantil”, declarou Paulo Raimundo aos jornalistas após um encontro com o Conselho Nacional de Juventude (CNJ), em Lisboa.
O dirigente comunista elencou vários problemas enfrentados pela juventude atualmente, começando por destacar as questões relativas à educação, seja devido à falta de professores, ao “peso das propinas” para quem quer aceder ao ensino superior, ou à falta de oferta de alojamento estudantil.
“Há também problemas novos que ganham hoje maior centralidade do que há uns tempos, nomeadamente todas as questões da saúde mental, que afetam particularmente a juventude em momentos diferentes, não é apenas nos mais novos”, disse.
Em termos de emprego, Paulo Raimundo salientou também que, apesar da precariedade e de os baixos salários serem transversais ao conjunto da sociedade, têm uma incidência particular sobre os jovens e as mulheres.
“Os problemas são muitos, consideramos que há falta de resposta aos problemas da juventude. (…) Os jovens não são o futuro, são o presente, são eles que estão a construir o país todos os dias”, frisou.
Apesar deste problemas, o secretário-geral do PCP considerou fundamental que, atualmente, exista uma “determinação grande da juventude”, que “quer tomar nas suas mãos o destino da própria vida”.
Raimundo saudou ainda o facto de o CNJ estar a fazer “uma reflexão sobre a situação da juventude” e a apresentar “propostas concretas para resolver os problemas”.
O líder do PCP afirmou que o seu partido tem “uma sintonia muito grande” com algumas das propostas avançadas pelo CNJ, em particular no que se refere ao aumento do parque habitacional público, mas também em questões como “o aumento geral dos salários” ou a “revogação das normas gravosas da legislação laboral”.
Por sua vez, o presidente do CNJ, Rui Oliveira, agradeceu ao PCP por se ter oferecido para ir à sede da organização, salientando que é o primeiro partido a fazê-lo, a par do Presidente da República.
Rui Oliveira referiu que, durante o encontro, o CNJ transmitiu ao PCP aquilo que considera que são “os principais problemas da juventude”, destacando as questões do emprego, designadamente a “falta de condições salariais”, que obriga alguns jovens a sair do país.
À semelhança do PCP, Rui Oliveira abordou também as questões da educação - considerando que, no ensino secundário, existem “métodos educativos que são altamente retrógrados e atrasados” - e da habitação, lamentando a “falta de um parque habitacional público”.
O presidente do CNJ salientou ainda que, durante a reunião, procurou partilhar com o PCP algumas das soluções “que deveriam ser implementadas e pensadas” para que exista “uma melhor sociedade civil, com jovens participativos e empenhados em ter um papel importante em Portugal”.
“Às vezes caímos naquele erro de que os jovens são um futuro para o país, os jovens já são hoje presente e às vezes esquecemo-nos disso: esquecemo-nos que já têm um papel fundamental. (...) Felizmente tivemos um partido que quis vir aqui, conhecer e estar com o CNJ, e conhecer as dificuldades dos jovens”, frisou.
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