A sargento Paula de Oliveira, 38 anos, chefe dos sonares e sistemas acústicos do “Arpão”, já tinha feito missões de quatro meses numa fragata. Mas nunca fechada num submarino. É natural, porque a missão que o navio português inicia esta terça-feira é a mais longa já levada a cabo pelos submarinos desta classe: 120 dias de viagem, 13 mil milhas de navegação (cerca de 25 mil quilómetros), e 2.500 horas estimadas de imersão, no âmbito da Iniciativa Mar Aberto, no Atlântico Sul.
“Sou a responsável pelo sistema de combate do navio, e pelos sonares que são os olhos e os ouvidos do submarino, quando estamos lá em baixo”, explica, na doca da Base Naval do Alfeite, cinco dias antes do embarque. Quando fechar a escotilha, terá de se render àquele espaço limitado, a um beliche de 60 cm, que até à “parede” tem um espaço com outros 60cm”, onde ficam os pequenos cacifos em que ela e as outras duas mulheres do “Arpão” guardam aquilo que podem levar. Também terá de se render à saudade de uma filha que fará três anos dias depois de regressar, a 6 de agosto. “Estamos todos a passar por isto. É fechar a escotilha e voltar a abrir no Mindelo [Cabo Verde] e voltar a ter informação sobre a minha filha. Não temos nenhuma comunicação com o exterior enquanto navegamos. Fecha-se a escotilha e só se abre noutro porto”.
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