Marques Mendes defende que o PSD "já devia ter acabado com ambiguidade" quanto a entendimentos com o Chega
O comentador disse este domingo na SIC que o PSD tem dois motivos para preocupação: a dificuldade em aproveitar o descontentamento com o Governo e a popularidade do Chega. E alerta para a proximidade das eleições europeias
Luís Marques Mendes considerou este domingo que perante a aproximação das eleições europeias, o PSD tem de crescer "rapidamente”, afirmando que serão “uma espécie de primárias” das eleições legislativas para Luís Montenegro. As declarações surgiram no seu comentário habitual na SIC, em que fez uma referência à sondagem feita pelo ICS-ISCTE para o Expresso e para a SIC, que revela que o Governo perdeu a maioria nas intenções de voto, enquanto os sociais-democratas sobem apenas um ponto e o Chega ganha quatro.
Além de considerar que o Governo teve “exercícios de arrogância” e a sua a queda de popularidade foi “um desastre completo”, o comentador entende que também o PSD tem “razões de preocupação”. Em causa está o crescimento de apenas um ponto percentual, quando o PS perdeu sete. “Fica aqui a sensação – para não dizer a certeza – de que o PSD não está a saber aproveitar e capitalizar o descontentamento em torno do Governo”, aponta o ex-líder do PSD.
O comentador refere ainda o Chega, que aparece com 13% de apoio na sondagem, como fator de preocupação para o PSD – e defende que deve haver um distanciamento entre os partidos.
“O Partido Socialista valoriza muito o Chega, na perspetiva de que um Chega forte enfraquece o PSD. E o PSD acho que normalizou o Chega, e faz mal, com esta ambiguidade que um dia se pode entender com o Chega e fazer entendimentos para chegar ao Governo. E acho que aí Luís Montenegro está a cometer o mesmo erro que Rui Rio e que já devia ter acabado com esta ambiguidade”, disse.
O ataque com faca no Centro Ismaelita da última terça-feira, que resultou em duas vítimas mortais, foi outro dos assuntos abordado por Luís Marques Mendes. O ex-líder do PSD descreveu o caso como um “crime hediondo” e “lamentável”, mas frisou que não está relacionado “nem com política de emigração nem com terrorismo”. Recorde-se que a Polícia Judiciária suspeita que possa estar em causa um surto psicótico, tendo afastado o cenário de Abdul Bashir se ter radicalizado.
Marques Mendes estendeu uma palavra de solidariedade às vítimas, incluindo não só as mulheres assassinadas mas também o Centro Ismaelita e os filhos do homem que levou a cabo o ataque.
Neste tema, o comentador elogiou a generalidade dos partidos mas criticou o Chega. “Acho absolutamente lamentável que queira fazer política com uma tragédia humana”, lançou, acrescentando que “um líder decente não faria uma coisa destas”.
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