O PS e o PSD chumbaram a audição do presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, do ex-autarca e atual ministro das Finanças, Fernando Medina, e do coordenador do Grupo de Projeto para a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) 2023, José Sá Fernandes, sobre as polémicas em torno do evento.
O requerimento apresentado pela Iniciativa Liberal (IL) foi votado esta quarta-feira na reunião da Comissão de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto e contou apenas com os votos favoráveis do partido e do Chega. Os restantes partidos não se encontravam na sala no momento da votação.
Em causa está a obra de construção do altar-palco no Parque Tejo-Trancão que levou a um ajuste direto de 4,24 milhões de euros pagos à Mota-Engil pela Lisboa Ocidental SRU (Sociedade de Reabilitação Urbana) e que terá que estar concluída em cerca de 150 dias.
“Dos 161 milhões de euros estimados ser necessário gastar para o evento, o Estado português irá contribuir com 30 milhões de euros de dinheiro dos contribuintes, segundo as mais recentes notícias. Por este motivo, a IL considera da mais elementar relevância ouvir aqueles que são os intervenientes, para que estes tenham oportunidade de clarificar toda a cronologia relativa à organização da JMJ 2023 e ao altar-palco onde se vai celebrar parte do evento”, justificava IL no requerimento.
Sublinhando que o evento - que irá decorrer entre 1 a 6 de agosto - foi atribuído a Portugal em 2019 e foi adiado um ano devido à pandemia, os liberais consideram que seria de esperar que as entidades envolvidas na sua organização tivessem tido o tempo necessário para organizá-lo com a “maior previsibilidade” e os “menores custos financeiros” possíveis.
"As recentes evidenciam que não houve esse recato com o dinheiro dos contribuintes, sendo pouco compreensível que se esteja a discutir a meio ano da realização do evento em que palco ou palcos se irá celebrar o mesmo", insistiam.
No domingo, o líder da IL criticou a organização do evento, em declarações à agência Lusa, apontando "displicência na gestão" e pedindo “bom senso” face a “obras faraónicas de utilidade duvidosa”, uma vez que está em causa o dinheiro dos contribuintes. Dois dias depois, a Assembleia Municipal de Lisboa (AML) aprovou um empréstimo, no montante de até 15,3 milhões de euros, no quadro da Jornada Mundial da Juventude. Tal como o Expresso avançou, as exigências da Igreja para o altar-palco já eram conhecidos há mais de um ano pela autarquia.
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