Política

Costa tenta esvaziar balão das europeias como barómetro para dissolução

3 fevereiro 2023 23:04

Rita Dinis

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Jornalista

Sofia Miguel Rosa

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António Costa com Pedro Marques, o cabeça de lista nas europeias de 2019

tiago miranda

Europeias. Eleições de 2024 não tiram “legitimidade” à governação, mesmo que PS perca. Maratona de Costa é até 2026: “Não há plano B”

3 fevereiro 2023 23:04

Rita Dinis

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Sofia Miguel Rosa

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Há seis meses, Marcelo explicava assim o porquê de falar tanto: “Tenho a responsabilidade de estar lá a picar o balão e a controlar preventivamente a evolução dos acontecimentos.” E dizia no podcast de Francisco Pinto Balsemão: “É intencional.” Esta semana, na RTP, António Costa fez o mesmo (“de forma racional”) para “controlar preventivamente a evolução” da narrativa que Marcelo tem vindo a alimentar sobre uma possível dissolução da Assembleia da República na segunda fase do mandato socialista, caso as eleições europeias mostrem uma nova realidade política. “A entrevista serviu para picar os balões do Presidente da República”, admite ao Expresso um dirigente socialista. Para o PS e o Governo, esse cenário está fora de questão: qualquer que venha a ser o resultado eleitoral no ano que vem, a maioria absoluta tem validade até 2026.

E se Marcelo fala de Cavaco (ver texto ao lado), o Governo responde com Cavaco. 1987. As eleições europeias realizam-se no mesmo dia das eleições legislativas e o PSD, que governava sem maioria, vence com resultados muito diferentes: 37,5% nas eleições para o Parlamento Europeu e 50% nas eleições para a Assembleia da República. O que aconteceu, na altura, foi que Francisco Lucas Pires era o candidato do CDS ao Parlamento Europeu e conseguiu alguma dispersão dos votos à direita, naquilo que em São Bento se chama um dos muitos “epifenómenos” que não raras vezes acontecem nas eleições europeias. Tipicamente, trata-se de eleições onde as pessoas se sentem mais livres para votos de “simpatia” ou de “protesto”, e onde há muito menos gente a votar.