Política

Corrupção: ‘jeitinhos’ e familiares separam cidadãos de políticos

9 dezembro 2022 15:36

nuno botelho

Políticos consideram que corrupção é o que infringe a lei, cidadãos exigem mais. Casos de nomeação de familiares para cargos políticos e favorecimentos são os que mais dividem

9 dezembro 2022 15:36

“Puxar cordelinhos” por um amigo ou conhecido, nomear um familiar para um cargo político, pode nem sempre ser ilegal, mas nem por isso deixa de gerar polémica. O espaço cinzento na lei, o que permite os célebres ‘jeitinhos’, é visto de forma bem diferente por eleitos e eleitores. No Dia Internacional Contra a Corrupção, o estudo “Ética e integridade na política: perceções, controlo e impacto”, da Fundação Francisco Manuel dos Santos, apresentado esta semana e já disponível para consulta no site, mostra como se dividem e como têm graus de exigência diferentes, políticos e cidadãos portugueses.

“Para os políticos, é realmente condenável aquilo que a lei determina que é proibido fazer, enquanto os cidadãos acham que a boa conduta vai além do que está na lei”, explica ao Expresso Susana Coroado, coordenadora do estudo, juntamente com Luís de Sousa. É o caso da nomea­ção de familiares para cargos políticos e o “puxar de cordelinhos” para favorecer alguém, os dois cenários de potencial corrupção onde existe “mais desacordo entre cidadãos e eleitos”. Estes comportamentos são vistos como corruptos pela sociedade — o nepotismo, por exemplo, é classificado pelos inquiridos como 7,85, numa escala de zero a 10, onde zero “não é corrupção” e 10 “é corrupção”, enquanto os políticos atribuíram apenas 4,83 (ver infografia).