Política

Escolha de Paulo Raimundo para suceder a Jerónimo dividiu cúpula do PCP

11 novembro 2022 22:38

Paulo Raimundo à esquerda de Jerónimo de Sousa, em abril de 2015

manuel almeida

Numa jogada de antecipação e em petit comité, Jerónimo fechou a sua sucessão. E a direção comunista dividiu-se

11 novembro 2022 22:38

Jerónimo de Sousa fez questão de antecipar a escolha do seu sucessor na liderança do PCP, forçando o Secretariado e a Comissão Política do partido a debater a sua saída e ‘amarrando’ a cúpula partidária à escolha de um dirigente mais jovem. Antes mesmo da reunião do comité central comunista, realizada no passado sábado, Jerónimo tinha aberto a discussão nos órgãos executivos da direção do partido, pondo a tónica na necessidade de um “rejuvenescimento” do comando traduzida na passagem de pasta para um quadro de uma nova geração. Ou, dito de outra forma, Jerónimo fez cair por terra a hipótese de Francisco Lopes o substituir, numa decisão tomada entre os 30 dirigentes dos dois órgãos executivos do PCP. Um petit comité, comparado com os 129 membros que compõem o comité central — órgão alargado e onde a influência do velho quadro comunista se faz sentir com maior força, ou não fosse Francisco Lopes o homem da máquina comunista, responsável simultaneamente pela organização e pelo braço sindical do partido.

Houve vários nomes em discussão e “não houve unanimidade” entre a direção comunista quanto ao nome de Paulo Raimundo, fez questão de sublinhar o ainda líder na conferência de Imprensa que serviu para explicar os motivos da sua saída. “Era o momento para tomar a iniciativa”, disse Jerónimo de Sousa no final da reunião do comité central onde apresentou ‘chaves na mão’ a proposta de abandono da liderança e o nome do senhor que se lhe vai seguir. O comité central é o órgão máximo do partido entre Congressos e o único responsável pela eleição do secretário-geral que, finalmente, será feita no próximo sábado no final do primeiro dia de trabalhos da Conferência Nacional do Partido.