No seu habitual espaço de opinião no ‘Jornal da Noite’, Luís Marques Mendes admitiu que a mudança na liderança do Partido Comunista Português “é uma grande surpresa” e não deixou de expressar simpatia por Jerónimo de Sousa, que ao fim de 18 anos abandona o cargo de secretário-geral para dar lugar a Paulo Raimundo.
“Tenho uma grande admiração por Jerónimo de Sousa no plano político pela coragem de assumir as suas convicções”, sublinhou o comentador da SIC. Além disso, para Marques Mendes, o histórico dirigente comunista “é sempre um senhor, um verdadeiro senhor”.
Feitos os elogios, o analista afirma que “a substituição era inevitável” e “tinha de acontecer”, sobretudo porque “os últimos anos foram fatais do ponto de vista político para o PCP”, “um desastre”, acrescenta. Porquê? Para Marques Mendes, o partido cometeu “três erros brutais”.
O primeiro erro estratégico, aponta o comentador, foi a geringonça: “Foi um grande negócio para o PS e para António Costa, sem dúvida, mas foi um mau negócio político para o PCP. O PCP caiu a pique nas eleições. Está reduzido ao mínimo dos mínimos”.
O segundo erro, defende Marques Mendes, “foi o chumbo do penúltimo Orçamento de Estado”. O comentador não entende “como é que o PCP não previu que ia ser fortemente penalizado nas urnas e que ia ajudar a que o PS tivesse maioria absoluta”. Na sua opinião, “foi um erro de avaliação de principiante”.
O último erro e talvez o mais grave, frisa Marques Mendes, foi a posição que o partido assumiu relativamente à guerra na Ucrânia. “Por causa do ódio aos Estados Unidos e à NATO, o PCP, na prática, colocou-se ao lado de Putin, numa posição que nenhum português compreende”, observa o comentador da SIC.
Relativamente à escolha do novo secretário-geral do PCP, Marques Mendes realça que Paulo Raimundo “tem posições muito ortodoxas”, embora constate que “no PCP manda muito mais o coletivo do que o líder”.
De resto, diz Marques Mendes, “já passou o tempo para o PCP, se quisesse, mudar de orientação política” e “agora não tem alternativa”. Se mudar a sua orientação ideológica, adverte o comentador da SIC, o partido “vai descaracterizar-se, com isso vai perder, e perdendo vai cavando a sua morte e a sua irrelevância”. Por outro lado, se apostar na continuidade, “vai agravar o seu envelhecimento e o seu divórcio da sociedade”, conclui.
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