Política

Perfil de Luís Montenegro: matador na bola, um solitário na política

5 novembro 2022 23:56

Hélder Gomes

Hélder Gomes

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Jornalista

POLÍTICA 1 No seu périplo nacional, iniciado em setembro deste ano, preparou e serviu uma “canja laranja” e um arroz de cabidela para cerca de 30 pessoas em Freixiosa, no distrito de Viseu 2 Num outro momento da mesma iniciativa, visitou uma vinha 3 Neste verão esteve na Festa do Pontal, em Quarteira, com Passos Coelho

Foi nadador-salvador na juventude e começou em Espinho uma carreira política que o levou à liderança parlamentar nos anos da troika e à presidência do PSD. Agora, está obrigado a construir uma alternativa à governação socialista sem deixar que os partidos à sua direita rompam a matriz social-democrata

5 novembro 2022 23:56

Hélder Gomes

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Era o princípio de julho de 2005 quando Luís Montenegro lançou a candidatura da coligação PSD/CDS Juntos por Espinho às eleições autárquicas. O objetivo era claro: derrotar o socialista José Mota. O palco estava montado: uma tenda para acolher um milhar de pessoas, erguida em frente à praia onde o atual presidente do PSD tinha sido nadador-salvador.

Só havia um problema, aliás dois: nem água nem luz. “Montámos a tenda e pedimos a luz à EDP, que nos disse que sim, e a água à Câmara, que nos disse que não. Passadas umas horas, a EDP disse-nos que já não nos dava a luz”, conta Montenegro, em conversa com o Expresso no restaurante Ritalinos, próximo da sua casa em Lisboa. “O José Mota era um tipo muito influente e tentou minar de todas as formas a realização daquele jantar.”

O caso chegou a meter tribunal, argumentando os queixosos que em causa estava o direito de reunião política. Legitimado o evento, persistia o problema da falta de água e luz. Montenegro pediu ajuda a Luís Filipe Menezes, então presidente da Câmara de Gaia, que lhe providenciou “uma cisterna de água montada numa carrinha”. Já a parte da luz foi resolvida pelo independente Zé Pinho — na altura mais ligado ao CDS, agora ao PSD —, que disse a Montenegro: “Eu vou comprar velas e fazemos aqui uma jantarada à luz das velas.” O convidado de honra era José Ribeiro e Castro, então presidente do CDS, que diz guardar “uma vaga recordação” dessa noite. “Queríamos substituir o Zé Mota e as relações eram bastante tensas. Foram umas autárquicas muito intensas.”

Montenegro entrou em direto no “Telejornal” da RTP e, segundo o próprio, “saiu o tiro pela culatra ao presidente da Câmara porque acabou por dar muito mais destaque” ao jantar. A verdade é que a coligação foi derrotada nas eleições de outubro e Montenegro tem uma explicação para isso. “Perdi porque mostrei força a mais antes do tempo.

Este é um artigo do semanário Expresso. Clique AQUI para continuar a ler.