4 novembro 2022 10:48

Carlos Fanado tem 94% de incapacidade e não recebeu complemento de pensão nem apoio extraordinário
tiago miranda
Governo justifica que não pagou os 50% por pensões estarem indexadas às patentes no ativo
4 novembro 2022 10:48
Mário Sampaio Nunes, oficial miliciano na Guerra Colonial, tinha 25 anos quando, em janeiro de 1969, foi ferido em combate no Norte de Moçambique. Em 1985 foi declarado deficiente das Forças Armadas (DFA), com 30% de incapacidade, porque o tiro que o atingiu lhe afetou o nervo ciático de forma permanente. Hoje, aos 78 anos, recebe uma pensão indexada ao posto de tenente, que ronda os €1900 líquidos. Ficou à espera, quando o Governo anunciou o complemento excecional de 50% do valor das pensões para quem recebe menos de €5318,40 brutos mensais. Não recebeu. Frustrado, questionou a Caixa Geral de Aposentações (CGA) e responderam-lhe que não tinha direito. “Até admiti que tivesse sido uma leviandade ou uma falta de cuidado, mas não foi. Não sei o que pensar. E também não recebi os €125 [de apoio extraordinário]”, lamenta ao Expresso.
Na resposta que lhe enviou, a CGA escreveu que não lhe cabia “pronunciar-se sobre a eventual bondade dos diplomas legais” e informou-o: “A sua pensão é de deficiente das Forças Armadas, não está contemplada no diploma” de 6 de setembro, que estabelece medidas excecionais de apoio às famílias para mitigação dos efeitos da inflação. Só os grandes deficientes das Forças Armadas, ou seja, os que têm mais de 60% de incapacidade, como os amputados ou cegos, terão recebido o complemento de metade da pensão, segundo uma informação da Associação dos Deficientes das Forças Armadas (ADFA) enviada aos associados (mas que o ministério da tutela não referiu nas respostas ao Expresso).