30 outubro 2022 23:19
nuno botelho
Costa está a usar a crise britânica para pintar os liberais como perigosos radicais destruidores das contas públicas. A IL acusa o primeiro-ministro de “manipulação” e “desinformação”
30 outubro 2022 23:19
Quando há disputas nas lideranças partidárias, os adversários de outros partidos costumam ter uma resposta para fugir a comentários: são assuntos internos e alheios, não se mete a colher. Mas esse não está a ser o caso de António Costa em relação à Iniciativa Liberal (IL), que tem comentado com violência a saída de Cotrim Figueiredo dos comandos dos liberais, com duas linhas de ataque: primeiro, colar a IL à crise no Reino Unido que destruiu o “mito do choque fiscal” com a “tragédia” política e económica da “hiper-liberal” e ex-primeira-ministra britânica Liz Truss; segundo, porque a IL quer imitar o Chega com um “estilo de luta livre no meio do lamaçal”. Rodrigo Saraiva, líder parlamentar dos liberais, diz ao Expresso que as “manipulações e deturpações” de Costa é que são um “lamaçal”.
O primeiro-ministro, que voltou à retórica corrosiva no debate do Orçamento do Estado — “Querem competir com o Chega? Têm de crescer muito, ó meninos!”, atirou — elegeu a IL como adversário ideológico e deu-lhe mais protagonismo no palco da oposição. Um responsável socialista regista que os liberais regressaram das férias com uma retórica mais agressiva, com acusações de “mentira”, a que Costa reage sempre com indignação por entender que está no patamar pessoal (como fazia com Assunção Cristas, ex-líder do CDS e como também faz com Catarina Martins, do BE). Nos antípodas doutrinários dos socialistas, a colagem da IL ao desastre de Truss é uma forma de catalogar os liberais como radicais, para mais tarde usar isso contra o PSD se houver aproximações.