Política

Ministro da Economia ao El País: "Penso que não há discordância" com Fernando Medina

Ministro da Economia ao El País: "Penso que não há discordância" com Fernando Medina
Pedro Nunes

António Costa Silva deu uma entrevista ao diário espanhol, admitindo um “problema de abrandamento económico” no curto prazo. Sobre a polémica do IRC, foi cauteloso, mas sem abdicar da sua posição: Temos de conciliar uma política económica que seja eficaz com uma política fiscal equilibrada". O aviso, porém, foi para Macron

O ministro da Economia considera um "erro estratégico grande" a falta de um mercado energético único na União Europeia e diz que "a realidade" se impõe a discursos como o da resistência francesa ao gasoduto dos Pirenéus. "Para haver uma União resiliente é necessário criar um mercado único energético, fazer as interconexões [para transporte de energia] e diversificar as fontes de abastecimento. Se se tivesse feito antes, a Europa não estaria nesta situação. É um erro estratégico grande", disse António Costa Silva no final de setembro ao jornal espanhol El Pais, numa entrevista publicada hoje.

Antes, sobre a economia portuguesa, Costa Silva admitiu que "pode haver um abrandamento económico" e que, face à crise e as necessidades de apoios a famílias e empresas, defende "a continuidade da política de contas certas e da consolidação orçamental porque o país não pode esquecer as lições do passado".

Já questionado sobre os impostos para as empresas, depois de ter defendido uma redução transversal de IRC, respondeu: "Não vou fazer mais comentários. Já expressei a minha posição. Penso que não há discordância [com o ministro das Finanças, Fernando Medina]. A minha preocupação é com a economia. Temos de conciliar uma política económica que seja eficaz com uma política fiscal equilibrada".

Mas a entrevista ao El País era dedicada a outro tema, aos obstáculos colocados pelo governo francês a um novo gasoduto nos Pirenéus, para ligar o mercado ibérico de energia a outros países da União e assim diminuir a dependência europeia do gás russo. O ministro português destacou que, até agora, França "era um país que exportava energia", o que não aconteceu este ano, por causa de paragens inesperadas das centrais nucleares, afetadas pela seca e a falta de água para refrigeração.

"A Europa tem de ser solidária e neste momento eles também estão a importar energia", disse Costa Silva ao El País, acrescentando, em relação à recusa francesa a um novo gasoduto nos Pirenéus, que "as pessoas podem fazer muitos discursos, mas depois a realidade impõe-se".

Costa Silva disse não estar "alarmado" em relação ao futuro próximo, mas considerou que não se pode "subestimar a amplitude da estupidez humana", sobretudo, no cenário da guerra na Ucrânia, na sequência de um ataque russo, e admitiu que "em pleno inverno é muito provável que Putin [o Presidente da Rússia] cancele completamente as exportações de gás para a Europa".

"Se ele fizer isso, vamos ter uma convulsão nos mercados da energia. Por isso, temos de ter uma resposta, que passa também pela Península Ibérica. [...] A Península funciona como uma ilha energética e portanto, agora, mais do que nunca, e é isso que tentamos fazer em conjunto com Espanha, defendemos as interconexões perante as instâncias europeias, não apenas para gás natural, mas também para, mais à frente, hidrogénio verde e energias renováveis", afirmou.

Costa Silva acrescentou que, "a curto prazo", o que se está a discutir com a Alemanha, a Polónia e os países bálticos é a possibilidade de converter o porto de Sines, de águas profundas, "num polo de receção de gás natural liquefeito", onde se faz "transbordo dos navios grandes para outros mais pequenos para o norte da Europa."

"Isto pode servir para cobrir parte das carências que tem a Alemanha e pode estar disponível dentro de uns meses", afirmou.

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