Política

Marques Mendes: PSD deve "deixar de falar do Chega". Ministro da Economia "ou recupera a autoridade ou então sai”

Marques Mendes: PSD deve "deixar de falar do Chega". Ministro da Economia "ou recupera a autoridade ou então sai”

O comentador da SIC diz que o Governo está “em estado de desgraça” a aplicar austeridade, e que o PSD tem de ser “inteligente” e deixar de falar do Chega se quiser ganhar eleições em 2026.

Apesar de ter maioria absoluta, o Governo do PS está desgastado, sem estado de graça, e o PSD pode chegar às próximas legislativas em condições de ganhar, mas para isso é preciso que deixe de falar do Chega. No comentário deste domingo na SIC, a partir do Coliseu, onde decorre a cerimónia dos Globos de Ouro, Luís Marques Mendes disse que o Governo está “em estado de desgraça”, avaliou vários ministros e criticou a estratégia de Luís Montenegro que parece estar a deixar a porta mais aberta a entendimentos futuros com André Ventura. “É preciso ser inteligente”, recomendou ao líder do seu próprio partido.

As sondagens divulgadas este fim-de-semana pelo Expresso e pelo “Diário de Notícias”, segundo Marques Mendes, “dizem que o balanço que os portugueses fazem destes meses não é bom, não é positivo”. Se de um Governo de maioria absoluta se esperava unidade, coesão, determinação, energia, mobilização, espírito reformista", as altas expetativas deste semestre funcionaram ao contrário: “O que encontrámos estes seis meses foi divisão, desautorização, descoordenação, muitas polémicas e poucos resultados”, um Governo que já é visto como “velho”.

O comentador vaticinou que “o desgaste vai continuar ou aecentuar-se” por causa da crise, até porque o Governo “vai ter de aplicar e já está a aplicar medidas de austeridade, o que cria alguma frustração porque prometeu que nunca aplicaria austeridade e já está a fazer o contrário”. Depois, o próprio António Costa, “ao fim de sete anos, já não tem a mesma paciência, a mesma energia nem a mesma autoridade”.

Marques Mendes fez também uma avaliação de alguns ministros e deu nota positiva ao ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, ao ministro do Ambiente e da Transição Energética, Duarte Cordeiro e ao ministro das Finanças, Fernando Medina, apesar da “má gestão política” na contratação de Sérgio Figueiredo. As notas negativas foram para Maria do Céu Antunes, ministra da Agricultura, para Pedro Nuno Santos, ministro das Infraestruturas, mas com mais dureza para António Costa Silva, ministro da Economia.

Para este foi particularmente áspero: “É um ministro com ideias, mas sem poder. Ou recupera autoridade ou então sai. O país precisa de um ministro da Economia forte”.

Enquanto o PS cai o PSD sobe, mas “é preciso tempo, paciência e persistência. E também muita inteligência”, disse o analista, que apontou um “grande desafio” para Luís Montenegro. “O PSD tem grandes condições para ganhar as eleições de 2026”, afirmou, mas “há aqui um problema que é o Chega”.

E acabou por fazer uma recomendação à liderança do PSD, em forma de crítica ou aviso: “Se o partido começar a falar do Chega, como nos últimos dias, e deixar criar, direta ou indiretamente, consciente ou inconscientemente, a perceção pública de um entendimento futuro com o Chega, se der essa perceção, aí dá um tiro no pé e corre o risco de ter uma boa oportunidade mas não ganhar eleições”.

Um entendimento com o Chega, argumentou Mendes, “cria problemas internos, assusta os eleitores moderados do centro, indispensáveis para ganhar eleições, e dá uma oportunidade ao adversário”. Assim, aconselhou Montenegro: “O melhor era não falar do Chega, como Luís Montenegro disse quando partiu para a sua eleição, e afirmou categoricamente que não voltaria a falar do Chega. Acho que seria inteligente retomar esse compromisso, inexplicavelmente interrompido nos últimos dias. É bom pensar nisso, antes que seja tarde de mais.”

Aliás, a campanha interna do PSD foi marcada pela linha vermelha estabelecida pelo candidato derrotado Jorge Moreira da Silva - que recusava qualquer diálogo com André Ventura -, e pela ambiguidade de Luís Montenegro. Não falar do Chega chegará?

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