Política

PSD. Montenegro sacode Costa e acusa Governo de "crime político e financeiro" na TAP

Presidente do PSD, Luís Montenegro
Presidente do PSD, Luís Montenegro
NUNO VEIGA/LUSA

“Crime político”, disse ele. O líder do PSD fez um discurso agreste para o Governo, com palavras fortes para acusar os socialistas de “crime” na gestão do dossiê da TAP. E ainda disse que Pedro Nuno Santos andava a dizer “baboseiras” sobre que tem responsabilidades no adiamento do novo aeroporto. Montenegro quer fugir do rótulo de Rio, de “conluio” com Costa

Oito dias depois de ter chegado a acordo com o Governo para uma metodologia quanto à escolha da localização do novo aeroporto de Lisboa, o líder do PSD reposiciona-se - após ter sido acusado pelo Chega de “conluio" com o PS - e, desferiu um dos ataques mais agressivos a António Costa e a Pedro Nuno Santos desde que chegou à liderança do partido. Luis Montenegro já tinha feito muitas críticas ao PS, mas ainda não tinha usado palavras tão duras como “crime”.

“Não tenho medo das palavras: foi um crime político e financeiro que tem custos”, acusou Montenegro na Convenção Autárquica da Distrital do PSD/Coimbra, em Montemor-o-Velho, onde também esteve presente o “ex-tudo” no partido, Pedro Santana Lopes, presidente independente da câmara da Figueira da Foz. “Eu quero que o povo português reflita acerca das consequências das decisões dos governantes, porque quando for primeiro-ministro também quero ser julgado assim.”

Mesmo sem dizer o que faria se fosse primeiro-ministro - deixava a TAP falir, como já defendeu a Iniciativa Liberal? - o líder do PSD apontou aos ziguezagues do Governo na matéria e à despesa pública massiva injetada para tentar salvar a companhia aérea. Começou por lembrar que o Governo “herdou uma TAP com a maioria do capital nas mãos de privados” e em processo de privatização, e que depois escolheu o caminho da renacionalização por opção “estratégica”.

“Esta decisão não foi imposta por ninguém. Não houve Comissão Europeia que a impusesse. Foi uma escolha em que estas pessoas entendiam que o interesse público iria ser melhor acautelado. Não faço juízo da intenção, mas faço o escrutínio das escolhas”. E a seguir atacou: “Depois de terem injetado tanto capital, já acham que afinal a saída é reprivatizar a TAP. Mas esta gente brinca à governação, mas esta gente anda a brincar com o nosso dinheiro?”, questionou, e a audiência aplaudiu.

“Esses 3 mil milhões serviam, por exemplo, para que não houvesse corte de pensões" pelo menos três anos, sugeriu Luís Montenegro, a sacudir o elogio que António Costa lhe fez no debate parlamentar desta quinta-feira quanto ao dossiê do aeroporto de Lisboa, para que não restassem duvidas que não há bloco central.

No debate parlamentar desta semana, questionado por Carlos Guimarães Pinto, da Iniciativa Liberal, António Costa respondeu esperar que a privatização da TAP SA - hoje 100% do Estado -, ocorra nos próximos 12 meses. “É uma possibilidade em cima da mesa para os próximos 12 meses. Espero que sim, é isso que está planeado, espero que sim.” Depois de o deputado liberal ter dado o exemplo da germânica Lufthansa, cuja reprivatização deu lucro ao Estado alemão, o primeiro-ministro não se comprometeu com ganhos para os cofres públicos com a revenda da companhia: “Só se fosse irresponsável” é que garantiria que o Estado não irá perder dinheiro na transação, acautelou Costa, mas disse esperar "que não”.

Na convenção do PSD/Coimbra deste sábado, depois de espetar as farpas em Costa e Pedro Nuno, Montenegro concentrou mais ataques no ministro das Infraestruturas - possível rival numas futuras legislativas - e acusou-o de dizer “baboseiras”.

“Acho que foi ontem, o ministro da tutela vem dizer que não há localização” do novo aeroporto, “não por falta de vontade do Governo e do primeiro-ministro, porque nós tínhamos decidido”. E deixou no ar uma insinuação de deslealdade política do ministro que não era para ter estado na reunião com ele e Costa mas que acabou por estar: “Um dia dá jeito que as decisões sejam muito convergentes e abrangentes, noutro dia está em campanha, sobretudo para consumo interno e aí já se podem dizer umas baboseiras”. A retórica está quente. "Crime político", disse ele. Voltam a sentar-se todos à mesma mesa?

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