Política

Montenegro acusa Costa de estar de “braços caídos” perante a Europa

Montenegro acusa Costa de estar de “braços caídos” perante a Europa
NUNO ANDRÉ FERREIRA/LUSA

Líder do PSD acusou o Governo de falhar com “pequenos investimentos” com “grande escala social” no interior do país o que acaba por provocar “problemas estruturais” em regiões com pouca densidade populacional

O presidente do PSD, Luís Montenegro, acusou este sábado o primeiro-ministro de estar “impotente” para fazer mais pelo país e de estar de “braços caídos” perante a Europa que serve de “desculpa esfarrapada” para apresentar aos portugueses. “Creio que o senhor primeiro-ministro está de braços caídos. É um primeiro-ministro que diz que não pode ir mais além que aquilo do que foi, então já tem muito pouco para dar ao país”, considerou Luís Montenegro, em declarações aos jornalistas, em Mangualde, Viseu.

O presidente do PSD disse que “gostaria que o primeiro-ministro estivesse mais motivado e mobilizado, porque ele teve eleições este ano" e que "era expectável que pudesse cumprir com a expectativa e a confiança que os eleitores lhe depositaram quando deram o resultado eleitoral que deram”.

Aos jornalistas, em Mangualde, onde cumpriu o sexto dia do programa “Sentir Portugal”, considerou que, se António Costa, cinco meses depois de tomar posse “está de braços caídos e impotente para fazer mais e assume isso, de facto, já tem muito pouco para oferecer ao país”.

“Pela Europa fora todos os países, praticamente todos, para ser mais rigoroso, baixaram as taxas de IVA sobre a eletricidade, sobre o gás, sobre os combustíveis”, acrescentou Luís Montenegro. Neste sentido, deu Espanha como exemplo, e disse que “basta passar a fronteira e verificar as decisões do Governo espanhol, que por sinal até é socialista, portanto, essa desculpa esfarrapada do primeiro-ministro não colhe, nem cola”.

Temos um Governo que não tem ambição e temos um primeiro-ministro de braços caídos. Lamento profundamente que Portugal esteja hoje com esta passividade governamental, com este quase impasse, esta incapacidade de decidir”, lamentou. E, acrescentou, “[a incapacidade] de estar à frente dos acontecimentos, de poder antecipar problemas e soluções também para que as pessoas, as famílias e empresas não vivam tantos dramas como os que têm vivido nos últimos dias”.

Luís Montenegro lembrou os “tantos anos” que António Costa “se afirmava como um dos motores da mudança e das transformações da Europa” e “ía para a Europa com aquela voz forte de quem chegava e mudava”.

“E agora, coitadinho, olha para a Europa e diz: eu não posso fazer mais porque a Europa não me deixa. E diz isto aos portugueses? Sinceramente é muito poucochinho para um primeiro-ministro e para um Governo”, apontou.

O líder social-democrata foi ainda questionado pelos jornalistas sobre se as "Agendas Mobilizadoras para a Inovação Empresarial”,a que o primeiro-ministro hoje assinou têm um “efeito trampolim” para a economia, como defendeu hoje António Costa.

“Mais um trampolim? Mais uma promessa? Foi por PowerPoint? Eu não vi. Deve ter sido se calhar também. Não é isso que os portugueses querem. Os portugueses querem transformação”, reagiu.

O líder do PSD defendeu que “as agendas mobilizadoras são motor de transformação, mas [os portugueses] querem que isso seja executado, não querem proclamações, não querem anúncios”.

“Estamos perante um Governo que gosta muito de anunciar, que gosta muito de fazer pompa e circunstância, gosta muito de exibir”, acusou e, apesar de reconhecer que “as linhas de crédito são importantes”, defendeu que “são, sobretudo, linhas de crédito” e “não são apoios diretos que o Governo oferece às empresas”.

Após cinco meses de mandato, reforçou, “há já tanta desesperança no país seguramente, mas sobretudo dentro do Governo e dentro da sua chefia” o que, no seu entender, dá a Luís Montenegro “ainda mais força” e “ainda mais convicção” para o PSD “ser a alternativa política para governar” o país.

Falta de “pequenos investimentos” cria “problemas estruturais”

Montenegro também acusou o Governo de falhar com “pequenos investimentos” com “grande escala social” no interior do país o que acaba por provocar “problemas estruturais” em regiões com pouca densidade populacional.

“Mais uma vez pude testemunhar aquilo que durante toda a semana sucedeu em vários pontos deste distrito que são as promessas não cumpridas, são os adiamentos sucessivos, com desculpas sucessivas, de investimentos que são, pequenos para a escala nacional que são absolutamente cruciais ara que este território não fique abandonado”, disse, em declarações aos jornalistas, em Mangualde.

Luís Montenegro acrescentou que esteve em vários concelhos do distrito de Viseu “onde há investimentos que estão engavetados nas secretárias dos membros do Governo há várias anos, depois de promessas sucessivas, de irem para execução no terreno”.

O líder social-democrata falava junto à barragem de Fagilde, em Mangualde, no sexto dia do programa “Sentir Portugal” que realizou desde segunda-feira no distrito de Viseu, o primeiro a acolher esta iniciativa do partido, que tem o domingo como dia livre.

“Em Portugal, nesta barragem de Fagilde, foram prometidas obras em 2017, ano em que também se viveu uma circunstância de seca e que cinco anos depois ficaram, pura e simplesmente, por fazer”, acusou. Luís Montenegro considerou que “isso penaliza e coloca em risco o abastecimento de água do município de Viseu e também de municípios vizinhos” como Mangualde, Nelas, Penalva do castelo e Sátão que a barragem abastece.

“E é uma circunstância que vi repetida a propósito de construção de barragens para o regadio e para a preservação e mesmo o incentivo à produção agrícola, sobretudo no norte do distrito de Viseu”, apontou. Neste sentido, considerou que “isto é muito reflexo dos tempos” que Portugal vive “nos últimos anos” com “muitos anúncios, muito ‘show off’, muitos ‘PowerPoint’, muitas promessas” por parte do Governo socialista. Mas, continuou, “todos os grandes investimentos, e os pequenos, como é o caso deste, que é um pequeno investimento, com muito valor social, todos esses investimentos fiaram cativados na austeridade socialista”.

O que, no seu entender, “foi a marca dos últimos sete anos em Portugal e isso está a criar problemas estruturais e que afetam uma diversidade grande de necessidades”, nomeadamente no interior do país.

“Temos uma agricultura capaz, viável, por via disso termos mais economia, fixarmos pessoas no território e tentarmos obviar a uma evolução que não tem de ser uma fatalidade, do despovoamento do anterior”, defendeu.

Além disso, “há também uma preocupação ambiental, uma preocupação para a produção de energia” para o país não estar “tão dependente e, finalmente, e talvez até mais importante, o abastecimento de água” às populações.

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