“O povo da cidade e região do Porto está de parabéns, o Bolhão é do povo e regressou ao povo”, afirma o Bloco de Esquerda. Um dia após a inauguração do requalificado do emblemático mercado da cidade, os bloquistas narram os avanços, recuos e indecisões que adiaram as obras urgentes do decadente do imóvel, classificado Monumento de Interesse Público a 20 de setembro de 2013, uma semana antes das autárquicas que elegeram pela primeira vez o atual presidente da Câmara do Porto.
Em comunicado, o BE-Porto recorda que, desde 2002, o destino do Bolhão parecia estar traçado: “Rui Rio votava-o ao abandono e assinava a sentença de privatização em 2008. A cidade disse não e mobilizou-se. Levantou-se pelo seu mercado de frescos contra um ato de puro mercantilismo.”
Contra a opção do então presidente social-democrata da Câmara do Porto, o partido liderado por Catarina Martins lembra os cordões humanos dos portuenses feitos em defesa do Bolhão, as sessões públicas sobre o futuro do mercado, e a criação de uma Plataforma de Intervenção Cívica que agregou uma petição de 50.000 assinaturas a propor a classificação do mercado como Imóvel de Interesse Público.
Na classificação pesou, não só a integração do histórico mercado de frescos “num dos quarteirões urbanos mais dinâmicos do Porto", mas ainda o valor arquitetónico do edifício, destacado na portaria governamental como “um bom exemplo da aplicação nacional do estilo eclético Beaux Arts”.
O Bloco nota que a reversão do processo para a esfera municipal culmina já no primeiro mandato de Rui Moreira, que na sua primeira campanha eleitoral propunha que “a recuperação do mercado fosse feita com recurso a privados”.
A realidade da cidade “impôs-se e ainda bem”, após mais de 20 anos de lutas contra a privatização, contra o abandono, contra a desfiguração, contra a demolição. “São 20 anos de exemplo do que é possível fazer quando se persiste, quando se impedem autarcas de prosseguir com planos que se apresentam como inevitáveis nos seus modelos de cidade negócio, quando nos mobilizamos e quando sabemos o que queremos que as cidades não percam: o coração”, vinca o BE, que preconiza que, num Porto em profunda transformação social, manter o Bolhão na sua essência, num Centro Histórico despovoado, “é agora uma nova luta que se trava para lá das suas arcadas e que deve envolver toda a região”.
Para o partido que elegeu pela primeira vez um vereador, Sérgio Aires, candidato à presidência da Câmara do Porto nas últimas autárquicas, a revitalizando a cidade passa pela produção local, o comércio local e também o consumo e o quotidiano local. “Tal como no passado”, os bloquistas comprometem-se com o futuro do Bolhão, “quer pela presença no dia da sua reabertura, celebrando com as vendedoras”, os utilizadores e o arquiteto da empreitada, Nuno Valentim, da escola de arquitetura do Porto. “Ontem cumprimentamos o arquiteto quando ali fomos, quer no resto da sua vida na defesa de quem vive e trabalha no Porto”.
Esta quinta-feira, no decurso da inauguração, Rui Moreira fez questão de garantir que o novo Bolhão, além da traça original, mantém a sua vocação de venda de produtos frescos e “administração municipal”.
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