Política

Estado da União: PCP lamenta que UE persista no rumo das sanções

Ursula Von der Leyen
Ursula Von der Leyen
YVES HERMAN/REUTERS

“E constata-se a ausência de qualquer palavra no sentido de uma solução negociada para por termo a uma guerra que não deveria ter começado e para colocar a paz no horizonte na Europa”, acrescentou

O eurodeputado João Pimenta Lopes, do PCP, considera que o discurso desta quarta-feira do Estado da União reconheceu “o brutal impacto” que a política de sanções à Rússia tem na própria União, lamentando que ainda assim se mantenha esse rumo.

Em declarações à imprensa depois de ter assistido, no Parlamento Europeu, em Estrasburgo, ao discurso sobre o Estado da União Europeia proferido por Ursula Von der Leyen, o deputado comunista destacou “o reconhecimento do brutal impacto que as políticas de sanções definidas pela UE estão a ter na situação socioeconómica dos povos dos diversos Estados-membros, mas que esse é um rumo para continuar”.

“E constata-se a ausência de qualquer palavra no sentido de uma solução negociada para por termo a uma guerra que não deveria ter começado e para colocar a paz no horizonte na Europa”, acrescentou.

Relativamente às propostas apresentadas pela presidente do executivo comunitário, comentou que é “útil abordar as questões da energia, os super lucros que a própria Comissão é hoje obrigada a reconhecer como consequência do mercado da energia e da liberalização do setor”.

Observando que Von der Leyen deu conta da “intenção, sem explicitar exatamente como, de intervir sobre esses super lucros”, João Pimenta Lopes lamentou que a presidente da Comissão “tenha omitido outros setores que também estão a ter lucros extraordinários”, assim como a “ausência de medidas que intervenham diretamente na regulação do mercado”.

“Muito se falou da necessidade de contrabalançar esta questão dos super lucros numa perspetiva de apoio às populações, aos trabalhadores, mas nem uma palavra para a questão do aumento do custo de vida, da perda de poder de compra que se está a verificar e da necessidade de um aumento de salários”, criticou.

A presidente da Comissão Europeia defendeu hoje que os lucros extraordinários das empresas do setor do petróleo, gás, carvão e refinarias devem “ser canalizados para os que mais precisam”, propondo uma contribuição solidária.

“Não me interpretem mal. Na nossa economia social de mercado, os lucros são bons, mas, nestes tempos, é errado receber receitas e lucros extraordinários recordes beneficiando da guerra e nas costas dos nossos consumidores, [pelo que], nestes tempos, os lucros devem ser partilhados e canalizados para aqueles que mais precisam”, declarou Ursula von der Leyen, intervindo no seu terceiro discurso sobre o Estado da União, na sessão plenária do Parlamento Europeu, na cidade francesa de Estrasburgo.

De acordo com a líder do executivo comunitário, “estas empresas estão a fazer receitas que nunca contabilizaram, com que nunca sequer sonharam”.

Por isso, a ideia desta taxação aos lucros extraordinários seria obrigar os “produtores de eletricidade a partir de combustíveis fósseis a dar uma contribuição para a crise”, fazendo com que esta taxa obtenha verbas para apoios sociais, explicou Ursula von der Leyen.


Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt

Comentários

Assine e junte-se ao novo fórum de comentários

Conheça a opinião de outros assinantes do Expresso e as respostas dos nossos jornalistas. Exclusivo para assinantes

Já é Assinante?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para se juntar ao debate
+ Vistas