Ventura desafiou Montenegro a ir “a jogo” na revisão constitucional, Montenegro diz estar focado na oposição ao PS
Luís Montenegro
PEDRO SARMENTO COSTA/LUSA
O presidente do PSD não deu importância ao desafio lançado pelo líder do Chega. “Estou focado em fazer do PSD um partido alternativo de Governo ao PS. E não vou desviar-me nunca desse foco”, assegurou
No encerramento das jornadas parlamentares do Chega, André Ventura disse esta segunda-feira esperar que “o PSD de Montenegro não faça o que Rui Rio fez, que é acantonar-se atrás do PS”, e que “venha a jogo, nem que seja para criticar”. No dia seguinte, o líder social-democrata assegurou estar “focado em fazer oposição ao PS e em fazer do PSD um partido alternativo de Governo ao PS”. “E não vou desviar-me nunca desse foco”, acrescentou, em resposta aos jornalistas, após um almoço com representantes do sector do turismo em Tabuaço, parte do seu périplo de uma semana pelo distrito de Viseu.
O desafio do presidente do Chega foi lançado no segundo e último dia das jornadas parlamentares do partido, em Setúbal, dedicadas precisamente à revisão constitucional. “Dá-me ideia que o PSD não quer nenhuma revisão constitucional e mais vale assumir isso”, atirou Ventura, até porque em 2020, prosseguiu, ficou claro que “o PSD não se juntou à revisão do Chega porque ia apresentar a sua própria revisão”. “Não foi uma garantia de Rui Rio. Foi uma garantia do PSD. Os líderes passam e os partidos ficam”, sublinhou.
Referindo-se à iniciativa de Luís Montenegro, que esta segunda-feira começou em Viseu a cumprir a promessa de passar uma semana por mês em cada distrito, o líder do Chega lançou a provocação: “Caro Luís... nós tratamo-nos por Luís e André... eu estou há três anos a visitar todos os distritos do país. Um abraço para o Luís.” À semelhança de Montenegro, Ventura também garantiu estar focado na oposição aos socialistas, mas fê-lo para consumo interno ao avisar que não está para “perder tempo com quem não merece” e insiste em fazê-lo “olhar para outro sítio que não para o combate ao PS”. Os destinatários não foram nomeados, mas Ventura referia-se aos opositores dentro do partido que falam cada vez mais de viva voz, custando-lhes muitas vezes a suspensão ou a expulsão.
PSD está a “cumprir a sua parte” sobre aeroporto
Questionado sobre se o novo aeroporto foi discutido no almoço desta terça-feira na Quinta dos Magusteiros, em Tabuaço, o presidente do PSD confirmou apenas que a mesa era “composta sobretudo por empreendedores e agentes do sector turístico”. E atalhou que a questão é “muito relevante porquanto o transporte aeroportuário ainda continua a ser um ponto de receção maioritário”. Reconheceu, igualmente, que “um novo equipamento”, que responda ao aumento de passageiros que se prevê nos próximos anos, interessa a “todo o território”.
Quanto ao resto, o PSD está a “cumprir a sua parte” e espera que “brevemente” se possa ter uma “metodologia definida e o Governo a possa executar”. “Desde que eu fui eleito líder, o PSD decidiu não ficar de fora do diálogo político com o Governo para podermos construir uma solução o mais convergente possível, sendo certo que a responsabilidade de decidir é do Governo”, sublinhou. O compromisso foi o de “abrir um diálogo direto” entre ele próprio e o primeiro-ministro para que o Governo possa ter os “melhores instrumentos para decidir”, disse ainda, acrescentando que “depois logo se vê se a decisão” do Executivo tem a “anuência” dos sociais-democratas.
Assine e junte-se ao novo fórum de comentários
Conheça a opinião de outros assinantes do Expresso e as respostas dos nossos jornalistas. Exclusivo para assinantes