Política

Colonialismo: perdão “pacifica” relações, mas não pode mudar a História

11 setembro 2022 23:31

Coluna de comandos em Moçambique

arquivo a capital

Wiriyamu foi “indesculpável”, disse Costa. Soares foi o primeiro a pedir perdão

11 setembro 2022 23:31

“Em nome de Portugal quero pedir perdão aos judeus pelas perseguições que foram vítimas na nossa terra.” As palavras são de Mário Soares e foram proferidas em 1989, em Castelo de Vide. O então Presidente da República aproveitou uma das suas Presidências Abertas, em Portalegre, para ajustar contas com o passado e demarcar-se dos abusos sucessivos cometidos contra os judeus. E foi o primeiro estadista português a reconhecer que Portugal cometeu erros ao longo da sua História.

Mais de três décadas passadas, e durante uma visita oficial a Moçambique, o primeiro-ministro trouxe também de volta o passado para a agenda política. Lembrando um dos episódios mais negros da guerra colonial — o massacre cometido sobre populações de várias aldeias, entre elas a de Wiriyamu — António Costa assumiu que há momentos de “desonra” na História e atos “indesculpáveis” que o país quer ver, definitivamente, enterrados. Marcelo Rebelo de Sousa, que por duas vezes visitou Moçambique como Presidente da República, nunca se referiu à guerra naquele país. Mas, na Guiné-Bissau, durante uma cerimónia de homenagem aos soldados mortos em combate, lembrou que Portugal agiu “muitas vezes mal” ali e noutros países de África. “O passado colonial é um passado que nós assumimos em plenitude, também naquilo que nele não foi positivo”, disse Marcelo Rebelo de Sousa em maio do ano passado na visita relâmpago que fez à Guiné.