Depois de defender uma Lisboa “com mais ambição”, Carlos Moedas deixou esta sexta-feira um apelo idêntico aos alunos da Universidade de Verão do PSD: “Não tenham medo de ter ambição. Sejam sonhadores realistas”. E disse acreditar que venceu as eleições na capital, porque os jovens sentiram que “essa ambição era possível”. “Foi Cavaco Silva que trouxe à minha geração a ideia de que podíamos ambicionar ter uma vida melhor. Esquecemos isso, muitas vezes, injustamente”, observou.
Mas depressa saltou para as queixas. O autarca lisboeta disse ser vítima de um “ativismo de constante destruição”, acusando o PS de só tentar “encontrar casos e casinhos” e não ter soluções para a capital. Alvo de críticas foi também o Governo: “O seu único propósito é o poder", atirou Carlos Moedas. “Fomos sempre o partido do trabalho, esse foi sempre o propósito do PSD, preparamos medidas, não fazemos show off das medidas”, sustentou.
Num jantar-conferência em Castelo de Vide, o social-democrata elencou durante o seu discurso três propósitos para Portugal: ter um país mais justo e com menos impostos, combater as mudanças climáticas “sem parar o país”e “sem ativismos ideológicos agressivo-bacocos” e proteger ainda os mais desfavorecidos.“Como vamos ter um país que não nos mate com mais impostos? Não podemos continuar a sufocar pessoas com impostos ano após ano”, sustentou.
Para Moedas, as novas gerações precisam de “liberdade para criar”, não podendo o país “estar sempre a taxar aquilo que se está a inventar”. E deu como exemplo medidas em Lisboa, como a devolução do IRS para 3% que irá até aos 5% e ainda a isenção de IMT para jovens até aos 35 anos.
Sobre o pacote de medidas do Governo, o social-democrata confessou estar “muito curioso” para conhecê-lo e arriscou até antecipar algumas na área da poupança e da eficiência energética, criticando-as em seguida - "Medidas folclore". "O Governo vai seguramente anunciar que as lojas devem apagar as luzes das montras à noite. Isso é mais uma medida que, a meu ver, é apenas uma medida popular, mas que não é estrutural. Nós trabalhamos dia e noite para mudar as lâmpadas da iluminação pública de lisboa para LED que poupam 80% na fatura", contrapôs.
A nível do SNS, recordou que 1,5 milhões de portugueses continuam sem médico de família, criticando a ideologia de esquerda. “O que interessa ao governo é se é publico ou privado? Queremos é soluções”, sustentou, apontando para o plano de saúde para os idosos que será lançado este trimestre em Lisboa.
Questionado sobre a descentralização, Moedas teceu ainda duras críticas, acusando o Executivo de não querer assumir responsabilidades pelo processo. “Nós ainda estamos muito longe de ter uma descentralização, está tudo no papel”, declarou, falando numa “meia descentralização” que “só causa problemas”.
“O Governo passou para as autarquias aquilo que não quer, a infraestrutura da escola para a câmara ter essa responsabilidade, mas não passa, por exemplo, a contratação dos professores”. E deu uma explicação para isso: o PS cria “complexidade” no processo para não haver responsabilidades. “É nisso que o PS é muito bom”, ironizou. O PSD, frisou, enquanto partido municipalista, quer ter essas competências, mas na “totalidade”.
A 18ª Universidade do Verão do PSD, que decorre em Castelo de Vide, conta no sábado com a participação de Leonor Beleza e será encerrada no domingo com o líder Luís Montenegro.
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: lpcoelho@expresso.impresa.pt
Assine e junte-se ao novo fórum de comentários
Conheça a opinião de outros assinantes do Expresso e as respostas dos nossos jornalistas. Exclusivo para assinantes