Política

Selfies, beijos e vídeos: Marcelo Rebelo de Sousa voltou à Feira do Livro do Porto ao estilo dos 'loucos' anos pré-pandemia

Selfies, beijos e vídeos: Marcelo Rebelo de Sousa voltou à Feira do Livro do Porto ao estilo dos 'loucos' anos pré-pandemia
RUI MANUEL FARINHA / LUSA

Presidente da República aqueceu a morna da tarde da Invicta antes da partida desta sexta-feira para Luanda. Nos jardins do Palácio de Cristal, ao lado de Rui Moreira, recém-chegado do Brasil, Marcelo comprou livros e tirou fotos, muitas fotos, com crianças de colo, adolescentes eufóricas e reformadas queixosas das magras pensões

Antes da hora marcada (14h30), o Presidente da República chegou à entrada principal dos jardins do Palácio de Cristal para uma excursão, pavilhão a pavilhão, à Feira do Livro do Porto, a primeira sem restrições desde os anos negros da pandemia. Na companhia do presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, regressado esta manhã do Brasil, Marcelo Rebelo de Sousa visitou a exposição sobre o poeta e ensaísta Manuel Gusmão, antes de passar pela centena de espaços que acolhem os 84 livreiros e alfarrabistas que, a partir desta sexta-feira e até 11 de setembro, marcam presença no primeiro certame literário sem restrições sanitárias desde 2019.

À entrada um pedido: “Senhor Presidente, será que a nossa guerra vai acabar antes da guerra na Ucrânia?”. A pergunta sem resposta foi atirada por Rui Alves e Fernando Santos, dois dos “lesados do BES”, que lembram que a sua luta já “dura há oito anos”. O pedido para serem recebidos em Belém ficou de ser formalizado por email já na próxima semana.

Ainda a receber os primeiros visitantes, a notícia da presença de Marcelo no recinto correu célere, multiplicando-se os admiradores - sobretudo admiradoras - em torno da comitiva presidencial. A ronda pelos pavilhões começou nos expositores dos livros técnicos, de Gestão e Economia, onde o Presidente notou haver uma lacuna: “faltavam livros de Direito”. Afinal, não. Entrou e foi confirmar, antes de comprar um livro de testemunhos, “o diário de um professor”, intitulado 'Em tempos de Pandemia'.

Questionado se também tem um diário dos anos de pandemia, respondeu que não, mas admitiu que “gostava de o ter feito”. Já rodeado de visitantes de todas as idades, o Presidente dos afetos deteve-se junto dos mais novos: “Meninos já compraram um livro ou ainda não?”. O Rodrigo Silva, 12 anos, “colecionador de manga” exibiu o seu 'Demon Slaver' e, “sim, gostava um dia de ir viver um tempo para o Japão”.

Tímido não pediu para tirar a selfie da praxe, mas ao lado a avó do Xavier, 10 anos, não resistiu: “Podemos tirar uma fotografia consigo?”. “Tem de pedir aqui ao presidente (Rui Moreira), que é ele que manda no Porto e agora no Brasil”, atirou Marcelo Rebelo de Sousa, aludindo à viagem oficial do autarca que levou o coração de D. Pedro IV para as celebrações do Bicentenário da Independência Brasil.

No corrupio entre pavilhões e mais livros “para ler na viagem” desta noite para Luanda, onde irá assistir às cerimónias fúnebres do ex-presidente José Eduardo dos Santos, e outros comprados para “oferecer”, o Presidente da República, ao estilo pré-pandemia, não se fez rogado a selfies e beijinhos, com meninos de colo, adolescentes em alvoroço e reformadas. Emília Loureiro, 67 anos, moradora no Bairro do Carvalhido, foi uma das contempladas das selfies da praxe, a terceira que já tem com “o Presidente que é um espetáculo na televisão, mas muito mais bonito ao vivo”.

No final um queixume: “Ai, como é que vou viver com uma pensão de € 447 e tudo tão caro por causa da guerra?”. “Então não recebeu ainda os retroativos?”, perguntou Marcelo. Sim, Emília já recebeu, mas “os atrasados” não chegaram sequer aos € 100, “uma tristeza”.

Despreocupadas, um grupo de amigas acerca-se do Presidente: “Pode por favor fazer um vídeo a dar os parabéns à minha irmã que hoje faz anos?". Dito e feito. Entre risos e saltinhos, as amigas veem uma e outra fez o vídeo que a “irmã nem vai acreditar...”

Num dos expositores, entre cumprimentos a um conhecido, confidenciou que, como “alto minhoto, gosta de lampreia, mas prefere polvo”. Mais adiante, uma senhora que andava pela zona da Boavista e soube que Marcelo Rebelo de Sousa “andava na Feira do Livro”, fez um desvio “só para o ver”. “E já agora uma selfie, que não tenho nenhuma fotografia consigo”.

O desvio valeu a pena e teve um final feliz. “Vou daqui de coração cheiro”, desabafou para os presentes, muitos de telemóveis em riste perante o olhar desconcertado de um jovem casal de turistas franceses, quando souberem quem era o alvo de tanta curiosidade e admiração. “O presidente da República? E anda assim no meio de tanta gente?”. Só estranha quem não é de cá.

No final, eterno leitor e colecionador de livros, Marcelo Rebelo de Sousa deixou um lamento: “É preocupante que a maioria dos portugueses não tenha lido sequer lido um livro num período como o da pandemia”.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: IPaulo@expresso.impresa.pt

Comentários

Assine e junte-se ao novo fórum de comentários

Conheça a opinião de outros assinantes do Expresso e as respostas dos nossos jornalistas. Exclusivo para assinantes

Já é Assinante?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para se juntar ao debate
+ Vistas