Política

Marcelo apoia pedido do Governo: prolongamento do PRR "faz todo o sentido neste quadro"

Marcelo apoia pedido do Governo: prolongamento do PRR "faz todo o sentido neste quadro"
JOSÉ SENA GOULÃO

Presidente da República continua à espera da apresentação de um plano "mais abrangente" para dar resposta às dificuldades de famílias e empresas com a inflação

O Presidente da República apoia e considera que faz todo o sentido o pedido enviado pelo Governo português para que a Comissão Europeia dê prioridade ao alargamento do prazo para aplicação das verbas do Programa de Recuperação e Resiliência (PRR), que o Expresso noticiou.

"Faz todo o sentido, neste quadro - continuando a guerra, os efeitos da guerra, o facto de alguns países terem tido atrasos na aprovação dos seus PRR - com esse ambiente europeu que Portugal tenha avançado com a ideia para valer a nível europeu", disse Marcelo Rebelo de Sousa em declarações aos jornalistas, à margem da visita à Feira do Livro do Porto.

O PR recordou que já tinham sido feitas declarações nesse sentido por parte de outros países (o principal foi a Polónia). "De inicio havia uma relutância [em aceitar o prolongamento], quer de países, quer de sectores das instituições europeias e depois essa relutância foi diminuindo", afirmou o chefe de Estado português, que também lembrou a ação do eurodeputado do PSD José Manuel Fernandes no sentido do prolongamento.

Nesta visita á Feira do Livro do Porto, Marcelo Rebelo de Sousa insistiu na pressão que já tinha feito na quinta-feira para que o Governo apresente um plano mais global de resposta à crise motivada pela guerra e pela inflação. "O que vale a pena é esperar pelo pacote global, pelo somatório das medidas, seja apresentado de uma só vez ou por fatias. Mas estamo-nos a aproximar muito do fim da preparação do Orçamento do Estado para o ano que vem. Com a viragem para setembro, é possível que seja o tempo escolhido para essa visão de conjunto de medidas para mitigar" os efeitos da inflação, afirmou o PR.

Marcelo voltou a falar dos casos de Espanha e Itália, onde os governo já apresentaram planos mais abrangentes. E também referiu a Alemanha, "o caso extremo de maior dependência do exterior" no que diz respeito à energia.

Questionado sobre vários assuntos de atualidade, o Presidente voltou a recusar comentar os resultados eleitorais em Angola. "Não comento resultados porque processo eleitoral está em curso", afirmou Marcelo, que esta noite parte para Luanda, onde vai participar no funeral de José Eduardo dos Santos. Como o Expresso conta na sua edição desta semana, o chefe de Estado português tem mantido contactos tanto com a Unita como com o Presidente João Lourenço.

"Não comento declarações de partidos", respondeu, por outro lado, Marcelo sobre a rentrèe do Chega e as críticas que lhe foram feitas por André Ventura.

Já no que diz respeito ao fim da obrigatoriedade de máscaras nos transportes públicos e nas farmácias, o PR já promulgou o decreto do Governo, mas lembrou que o fim da obrigatoriedade não é uma proibição e exortou: "É aconselhável que as pessoas mais vulneráveis se protejam."

No final da visita, questionado sobre as declarações de André Ventura na rentrée do Chega, em Vilamoura, em que prometeu dar “uma luta sem tréguas ao Governo socialista" e pediu a Marcelo Rebelo de Sousa para não ser "uma fantochada de Presidente”, o chefe de Estado relembrou que não comenta declarações de partidos nem de dirigentes partidários. “Faz parte da lógica da democracia haver liberdade e utilizar todos os instrumentos de crítica que a democracia permite, inclusive comentários sobre o Presidente da República”, disse, advertindo, porém, que não entra “no terreno do jogo da luta partidária”.

“O Presidente da República faz de árbitro, mas não pode entrar na dialética político-partidária”, sentenciou, notando que os portugueses já “votaram duas vezes neste comportamento” e gostam.

Na ronda de perguntas e respostas, Marcelo foi ainda confrontado com a ausência de transmissão de jogos da I Liga para a diáspora no arranque desta época, mas optou por não se comprometer quando confrontado se a RTP está a falhar na missão de serviço público. “É uma situação muito recente e, pelo que sei, está em curso uma renegociação do contrato para a difusão de um jogo da Liga por semana”, rematou.

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