14 agosto 2022 9:03

O Presidente gosta de testar o calendário para definir a sua própria atuação
paulo novais/lusa
O ciclo de ação do chefe de Estado termina em setembro de 2025, quando perde o poder de dissolução da AR. Com a disputa interna no PS, o prazo de validade política de António Costa não é muito mais longo, mesmo que permaneça no Governo
14 agosto 2022 9:03
Marcelo Rebelo de Sousa já assumiu ser “para levar a sério” a jura de António Costa de ficar aos comandos do Governo até ao fim da legislatura, quando disse acreditar que este não vai para Bruxelas antes de acabar o mandato, admitiu ao podcast de Francisco Pinto Balsemão “Deixar o Mundo Melhor”. Mas uma coisa é ficar. Outra são os tempos políticos. E, nas contas de Marcelo, o analista — que toda a vida fez o exercício de testar o calendário para definir a sua própria atuação —, o ciclo da ação de Belém termina, de facto, um ano antes das legislativas, em setembro de 2025, quando o Presidente da República perde os poderes de dissolução da AR. E se António Costa deve ter obra consolidada antes do verão de 2026, porque as legislativas serão realizadas em outubro eventualmente com outro líder socialista à cabeça do partido, isso também lhe encurta a margem de manobra na reta final do mandato.
Na visão ‘macro’ de Belém sobre os anos que se avizinham — uma eternidade cósmica em política —, o ano de 2025 será o mais decisivo. Entretanto, as europeias de maio de 2024 vão servir de barómetro para se perceber em que grau os eleitores vão castigar a maioria e para testar a liderança de Luís Montenegro pela primeira vez numa eleição muito livre para os eleitores, que colocam ao PSD o desafio de recuperar os votos que lhe fugiram para a direita, para o Chega ou para a Iniciativa Liberal. Para Marcelo, um resultado de 32% a 34% já seria bom para os sociais-democratas se lançarem para as legislativas.