Política

Moedas considera “muito negativo” suspender novos registos de alojamento local em Lisboa

Carlos Moedas, presidente da Câmara Municipal de Lisboa
Carlos Moedas, presidente da Câmara Municipal de Lisboa
ANTÓNIO PEDRO SANTOS/LUSA

Em causa está a aprovação de uma proposta dos vereadores eleitos pela coligação PS/Livre para a “suspensão imediata” de novos registos de alojamento local na capital até à entrada em vigor da alteração ao regulamento municipal desta atividade

O presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas (PSD) disse esta quarta-feira que a “suspensão imediata” de novos registos de alojamento local é “um sinal muito negativo” para a economia local, criticando os partidos da esquerda que aprovaram a proposta.

“A suspensão imediata de novos registos de alojamento local que hoje os partidos de esquerda e a vereadora independente aprovaram revela um sinal muito negativo para o turismo, para a economia local e, acima de tudo, para milhares de famílias que vêem aqui um entrave aos seus rendimentos”, afirmou o social-democrata, numa reação escrita enviada à Lusa.

A proposta foi votada em reunião privada do executivo camarário e foi viabilizada com os votos contra de PSD e CDS-PP, a abstenção de BE, e os votos a favor de PS, Livre, vereadora independente Paula Marques (eleita pela coligação PS/Livre) e PCP, informou à Lusa fonte oficial do município.

Para o presidente da Câmara de Lisboa, os partidos da esquerda escolheram “fazer política partidária em vez de privilegiar a política pública equilibrada, que favoreça a qualidade de vida dos lisboetas e que permita que haja um desenvolvimento económico sustentado e equilibrado”, ainda mais numa fase de incerteza devido à pandemia de covid-19.

Reiterando a ideia de que o alojamento local deve merecer “uma fiscalização mais eficaz”, Carlos Moedas manifestou-se “contra propostas radicais”, que dividem a cidade e os lisboetas entre eles e o executivo municipal.

Um dos objetivos da iniciativa dos eleitos pela coligação PS/Livre passa por "submeter à Assembleia Municipal a suspensão imediata da autorização de novos registos de estabelecimentos de alojamento local, por um prazo de seis meses, sem prejuízo da sua renovação por igual período, até à entrada em vigor da alteração ao Regulamento Municipal do Alojamento Local".

A medida está prevista ser aplicada "nas zonas turísticas homogéneas, sob monitorização, com um rácio entre o número de estabelecimentos de alojamento local e o número de fogos de habitação permanente igual ou superior a 2,5%, bem como na restante cidade, as freguesias, no todo ou em parte, onde se verifique um rácio entre o número de estabelecimentos de alojamento local e o número de fogos de habitação permanente igual ou superior a 2,5%, sem prejuízo das zonas de contenção em vigor", segundo a proposta dos eleitos pela coligação "Mais Lisboa", cumprindo com o preconizado no programa eleitoral de PS/Livre nas autárquicas de 26 de setembro, em que o socialista Fernando Medina perdeu a presidência do executivo municipal para o social-democrata Carlos Moedas.

Fonte do PS esclareceu que a proposta "prevê que enquanto decorre esta discussão (seis meses) não sejam aceites novas licenças nas freguesias onde o número de casas afetas ao AL exceda 2,5% do parque habitacional".

"As atuais limitações, como a proibição de licenças em sete bairros históricos da cidade, mantêm-se em vigor durante este processo", acrescentou.

Neste âmbito, a vereadora do BE, Beatriz Gomes Dias, apresentou uma proposta de "suspensão total" de novos registos de alojamento local enquanto decorre a alteração ao regulamento municipal desta atividade, considerando que "mesmo durante a situação pandémica o número de registos aumentou na cidade pondo em causa o direito a habitação", mas a mesma foi rejeitada pelo executivo, com os votos contra de PSD, CDS-PP e PS, a abstenção do PCP e o voto a favor do vereador do Livre.

Em reação à iniciativa dos eleitos pela coligação PS/Livre, a Associação do Alojamento Local em Portugal (ALEP) contestou a proposta de suspensão de novos registos de alojamento local e considerou que se trata de "uma manobra de disputa política sem suporte na realidade".

Também a Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP) discordou da proposta sobre o alojamento local em Lisboa, considerando que a medida de suspender novos registos vem de forma "'cega', arbitrária e sem critérios, prejudicar o desenvolvimento de uma atividade".

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