Rui Rio pôs esta quarta-feira o pé na estrada e só vai parar no dia 24 de setembro - último dia de campanha eleitoral. A um mês da ida às urnas, contudo, insiste em não pôr metas ou fasquias. Só na semana a seguir às eleições é que vai decidir se o resultado foi suficiente para se manter na liderança ou não. Para já, diz, não está "minimamente preocupado".
"Na semana a seguir às eleições, com serenidade, é que devemos olhar para os resultados e perceber se o PSD teve uma vitória ou derrota em função da recuperação que conseguimos fazer. Tudo isto tem de ser analisado com tranquilidade, se recuperámos muito ou poucochinho", disse em respostas aos jornalistas no final de uma visita a um lar residencial no Marco de Canaveses, concelho do distrito do Porto que o PSD ambiciona recuperar. Para já, disse, ninguém sabe o que é uma derrota ou uma vitória. "O que é uma derrota? Para qualquer partido mais pequeno, ganhar duas câmaras é uma vitória, para outros ganhar 100 câmaras é uma derrota", disse, sublinhando que só no fim é que fará as contas.
Uma coisa é certa: as autárquicas de setembro são importantes para o PSD (embora o PSD "não desapareça nem fique fortíssimo se perder ou se ganhar 10 câmaras") e para a continuidade de Rio na liderança do partido. "Qualquer eleição é importante para a liderança de qualquer líder político, mas por mais que isto custe às pessoas da política perceber, não estou minimamente preocupado", disse, lembrando ainda que quando se candidatou a este mandato de dois anos na liderança do partido estava ciente de que as eleições autárquicas eram o momento mais importante do mandato. Logo, "tenho obrigação de fazer o melhor que posso e sei". "Depois, logo se vê".
Questionado sobre as críticas feitas por António Costa em entrevista ao Expresso, acusando o PSD de Rio de estar no "pântano" e de "não ter ideias" para o país, Rui Rio repetiu o que já tinha afirmado: "Eu tinha vergonha de dizer isso". "Nós propusemos uma revisão constitucional que não é feita há 20 anos, uma revisão do sistema político, uma reforma da justiça, cujo documento lhe foi entregue em mãos, propusemos uma forma de aplicação da chamada bazuca, e o primeiro-ministro não tem noção nenhuma do que o principal partido da oposição defende?", atira. "O que diriam de mim se eu dissesse isso?".
Já sobre a suposta carta que André Ventura enviou aos líderes da direita a convocar para uma conferência pós-autárquicas, Rui Rio recusou-se a responder. Se a carta chegou à sede em Lisboa, não a recebeu. E mais: "o único líder partidário a que me compete responder e comentar declarações é o líder do PS que é primeiro-ministro".
"O que PS e PCP fizeram é uma vergonha"
A propósito do veto de Marcelo Rebelo de Sousa à lei aprovada por PS e PCP que "iliba" autarcas com processos de violação de regras de gestão financeira, Rio canta vitória. "Não podia estar mais de acordo com o Presidente da República", disse, afirmando que o que PS e PCP fizeram aquando da aprovação dessa mudança legislativa foi "uma vergonha".
"Mudar uma lei que calça justamente a seis autarcas do PS e do PCP é uma vergonha. Esses autarcas tiveram apoios para recuperar as câmaras que estavam falidas, mas tinham de cumprir certos pressupostos em troca, nao cumprindo tinham de ser presentes à justiça e no limite perder o mandato. Juntarem-se para salvar esses autarcas é de terceiro mundo", atirou.
Para Rio, a gestão financeira das autarquias é "sagrada" e se nesse leque estivessem câmaras social-democratas, o seu voto tinha sido contra na mesma. "Se houve coisa que eu fiz foi recuperar financeiramente a segunda maior câmara do país, uma gestão financeira rigorosa e equilibrada é sagrada para mim", disse ainda.
Em causa estão processos que visam autarcas por incumprimento das regras do Programa de Apoio à Economia Local, um programa de reequilíbrio das contas dos municípios que impunha regras e medidas a adoptar em troca de empréstimos. O diploma foi aprovado a 22 de Julho com os votos do PS e do PCP e foi enviado para promulgação a 5 de agosto, já depois do fim da entrega das listas para as eleições autárquicas. Marcelo Rebelo de Sousa anunciou esta terça-feira o veto a esse diploma, devolvendo-o ao Parlamento e apelando a que o debate se voltasse a fazer depois das autárquicas.
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