António Costa não se mostra arrependido face ao alívio das restrições no Natal, sublinhando que apelou à responsabilidade de todos os portugueses: "Firmámos um contrato de confiança entre todos, sabendo já que para podermos ter um festejo de Natal com menos restrições isso implicava maior cuidado", declarou o primeiro-ministro esta segunda-feira em conferência de imprensa conjunta com o seu homólogo grego, Kyriakos Mitsotakis, que está de visita a Portugal.
Lembrando que desde logo avisou que após o Natal haveria um aperto "severo" das restrições e que seria necessário reavaliar as medidas face à evolução epidemiológica da covid-19, Costa defendeu que é fundamental aguardar pelos "dados consolidados" da pandemia, antes da reunião de amanhã com especialistas, no Infarmed, numa altura em que o número de infeções se fixa nas 10 mil por dia e os óbitos atingem recordes (122 esta segunda-feira). "Se tivéssemos feito mais cedo, teríamos feito seguramente pior", disse perentório.
"Temos procurado avaliar sempre com base na melhor informação possível. Se fizéssemos reuniões na semana passada, fazíamos medidas com base nos dados que tínhamos. E assim, amanhã vamos ter reunião no Infarmed, já tendo provavelmente o acerto dos números que hoje não temos", explicou.
O chefe do Governo confirmou que será decretado um novo confinamento nos moldes de março, estando ainda a ser definidas as medidas que estarão em vigor durante a próxima quinzena.“Quanto maior a gravidade, mais restritivas devem ser as medidas”, alegou António Costa, rejeitando mais uma vez que pudessem ter sido tomadas mais cedo face aos dados epidemiológicos insuficientes após o período do Natal.
"Creio que desde o último Conselho de Ministros tenho vindo a deixar bem claro aquilo que com grande probabilidade será decretado é algo próximo do confinamento de março e abril, de forma a que as pessoas se possam ir preparando para a adoção dessas medidas", insistiu.
Segundo o primeiro-ministro, trata-se de uma "decisão complexa" e de um calendário apertado, que exige que as medidas sejam tomadas com a "máxima celeridade" no âmbito do quadro de funcionamento das instituições, de forma a travar os contágios pelo novo coronavírus.
"Temos tido um critério: atuar sempre em função de qual é a realidade. Sempre que podemos abrir, abrimos, sempre que temos de fechar, fechamos. É assim que temos feito desde março: gerir simultaneamente o desafio de controlar a pandemia e proteger o emprego e o rendimento das famílias", acrescentou, admitindo que se trata de um "equilíbrio difícil".
Já o primeiro-ministro grego, Kyriakos Mitsotakis, disse que o país está gradualmente a regressar à normalidade, depois de um "confinamento severo" que começou no mês passado e salientou o "sucesso" da compra conjunta de vacinas pela UE.
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