29 março 2020 21:19
O antigo líder do PSD acredita que o primeiro-ministro tem estado à altura do desafio, mas aponta falhas à resposta económica do Governo.
29 março 2020 21:19
Luís Marques Mendes faz uma avaliação “globalmente positiva” da forma como António Costa tem gerido a resposta à crise de saúde pública provocada pelo novo coronavírus e considera que o primeiro-ministro está a tentar “recuperar da má imagem que deixou no país” durante os incêndios de 2017.
“O primeiro-ministro aprendeu com os erros do passado. Sobretudo os erros que cometeu na tragédia dos fogos, em 2017. Na altura falhou. Falhou porque desvalorizou. Falhou porque andou a reboque dos acontecimentos. Falhou porque mostrou grande insensibilidade. Percebe-se que agora o PM quer recuperar da má imagem que deixou no país nessa altura. E, por isso, está em permanência na linha da frente – lidera as operações; está no terreno; tenta controlar os acontecimentos”, afirmou o antigo líder do PSD no seu habitual espaço de comentário na SIC.
Ainda assim, o social-democrata deixou um reparo à estratégia desenhada pelo Governo para enfrentar a recessão. “Está a gerir esta crise económica como se fosse uma crise igual às outras. E não é. É uma crise diferente. Mais do que linhas de crédito, o que as empresas precisavam era de apoios a fundo perdido. As linhas de crédito são uma ideia barata para os governos, para os bancos e para as grandes empresas. Mas desconfio que não sejam uma boa solução para a generalidade das Pequenas e Médias Empresas. Muitas nunca lá conseguirão chegar.”
“Princípio do fim” da União Europeia?
Noutra linha, Luís Marques Mendes criticou ainda a falta de coesão e de solidariedade na União Europeia, incapaz de encontrar uma resposta comum aos desafios económicos colocados pela pandemia. “Pode ser o princípio do fim da UE. Dizer isto não é ser alarmista. Infelizmente, é ser muito realista”, sugeriu.
O comentador acredita que, se a resposta falar, Itália pode ter a tentação de deixar a Zona Euro “para fazer a sua reconstrução económica” e “emitir moeda”. “Isto é um risco muito sério. O risco de implodir o projecto europeu”. E se a União Europeia não é solidária entre si numa crise como esta, para que serve? Isto é fatal. Mata a confiança dos cidadãos na União Europeia, faz crescer os populistas e empurra os responsáveis políticos para posições extremadas e radicais. Se a União Europeia se desagregar, isso é pior que a covid-19 e que a crise económica. É matar o projeto de uma geração”, sentenciou Marques Mendes.