Política

Costa garante que nunca teve “qualquer suspeita” em relação a Sócrates

Sócrates sobre Costa: “Não esperem de mim, em período pré-eleitoral, qualquer palavra que possa prejudicar a liderança do PS”
Sócrates sobre Costa: “Não esperem de mim, em período pré-eleitoral, qualquer palavra que possa prejudicar a liderança do PS”

Primeiro-ministro recusa fazer “julgamento popular” de Sócrates. Promete baixar IRS “conforme as condições económicas e financeiras o permitirem” e acusa PSD e CDS de estarem a fazer “leilão” para redução de imposto

António Costa garantiu na noite desta quinta-feira, na TVI, que nunca teve “qualquer suspeita” em relação a José Sócrates, nem enquanto foi seu ministro, nem depois. Foi na TVI24, numa emissão especial do programa Circulatura do Quadrado, em que José Pacheco Pereira puxou pelo tema da corrupção, levando o debate para a forma como o PS permitiu “carreiras” como a do antigo primeiro-ministro, agora suspeito na Operação Marquês. “O PS falhou redondamente nos últimos anos” no combate à corrupção, desde logo dentro do próprio partido, acusou Pacheco.

“A corrupção tem de ser combatida dentro e fora dos partidos, em qualquer circunstância”, começou por defender Costa, que elogiou a forma como, já consigo na liderança, “o PS teve a noção absolutamente clara de separar aquilo que era política daquilo que era a justiça” no caso Sócrates. “Tão clara, que o próprio decidiu afastar-se do PS”, sublinhou o secretário-geral socialista.

Costa partiu depois para a defesa do PS, e a sua própria defesa, neste caso. “Tenho certeza de que no PS as pessoas não conheciam os factos que têm vindo a público”, sustentou, acrescentando: “Nos dois anos em que fui ministro de José Sócrates nunca tive nenhum sinal que me levantasse a menor suspeita sobre o seu comportamento, nem depois disso tive qualquer suspeita, até ao momento em que começou a haver as notícias que todos conhecemos.”

Pela sua parte, deixou duas garantias: não fará “o julgamento popular do engenheiro José Sócrates”, e “se alguma vez tiver alguma suspeita de alguma situação de corrupção dentro do PS ou fora do PS”, cumprirá “o que é dever cívico de qualquer um: denunciar às atividades”. Em todo o caso, o líder socialista prometeu que o seu partido retirará “as ilações que tivermos a retirar quando forem concluídos os processos judiciais” envolvendo Sócrates - mas não adiantou que ilações poderão ser essas.

PSD prepara cortes no SNS?

O tema Sócrates foi aquele em que a conversa mais se desviou do que tem sido a cartilha de António Costa por estes dias: defesa da ação do Governo, elogio da geringonça e manifestação de vontade de a prolongar no futuro, e a promessa de que na próxima legislatura existirá “um grande reforço do investimento na qualidade dos serviços públicos”.

Com Rui Rio e Assunção Cristas a apostarem forte na cartada da redução de impostos, Costa não se desviou da prioridade ao investimento nos serviços públicos, embora tenha reiterado que, à semelhança do que aconteceu na atual legislatura, na próxima continuará o esforço de alívio dos impostos sobre o trabalho. “A tendência que temos tido nesta legislatura é o desagravamento da tributação em sede de IRS”, disse o primeiro-ministro, esperando que “conforme as condições económicas e financeiras o permitirem, possamos ir reduzindo os impostos sobre o trabalho, que é o compromisso que temos”.

Para o PSD e o CDS, ficou a crítica em relação ao “leilão de propostas” sobre redução de impostos. “A política é feita de escolhas. Não me verá a entrar nesse leilão em que PSD e CDS estão, em que cada um cada dia propõe uma maior redução de impostos sem explicarem como vão financiar essa redução.”

Para o PSD sobrou ainda a suspeita de que poderá por estar a preparar cortes no Serviço Nacional de Saúde. “Quando o PSD diz que vai compensar a redução de impostos com uma grande diminuição dos consumos intermédios, o que é sempre uma coisa muito simpática, é um velho truque que é importante traduzir para os portugueses: 60% desses consumos intermédios são os materiais utilizados no SNS, são os medicamentos utilizados no SNS. Cortar essas despesas significa empobrecer ainda mais o SNS”, acusou o líder socialista.

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