A Beleza das Pequenas Coisas

Germano de Sousa: “A maioria de nós vai apanhar covid-19”

Ele é patologista e administrador de uma rede de laboratórios privados que está na linha da frente na realização de testes de diagnóstico e serológicos para a covid-19. Desde março, só nos seus laboratórios foram realizados mais de 87 mil testes, alguns a pedido do SNS. Sobre as acusações de faturar milhões com a pandemia, Germano de Sousa nega o que considera serem "bocas perfeitamente parvas" e diz-se "farto desse tipo de conflitos com a verdade, de origem ideológica". O antigo bastonário da Ordem dos Médicos prevê uma vacina até à próxima primavera e faz um reparo à DGS: "Deveríamos ter começado a usar máscaras mais cedo." E ainda recorda as peripécias passadas com Zeca Afonso, em Coimbra, os momentos difíceis durante a guerra em Angola, como lá teve de fazer o primeiro parto da sua mulher ou as partidas que o amigo e atual Presidente Marcelo Rebelo de Sousa lhe pregava de madrugada, em Cascais. No final, canta-nos um fado à capela. E para que serve um podcast senão para momentos destes? Ouça e subscreva a “A Beleza das Pequenas Coisas"

Germano de Sousa: “A maioria de nós vai apanhar covid-19”

Joana Beleza

Edição áudio

Germano de Sousa: “A maioria de nós vai apanhar covid-19”

Tiago Miranda

Fotografia

Foi devidamente artilhado de luvas e de máscara que o patologista, e diretor clínico dos centros de medicina laboratorial Germano de Sousa, esteve no estúdio de podcasts do Expresso para esta conversa. Logo no início José Germano de Sousa, antigo bastonário da Ordem dos Médicos, deixa claro que está nas mãos de todos os portugueses a vinda ou não de uma segunda vaga de casos de infetados com a covid-19. “Se tiverem cuidado, usarem máscara, lavarem as mãos frequentemente, evitarem aglomerações, é possível que a segunda vaga não surja. Podemos não viver confinados, mas devemos estar com algum cuidado até que surja a bendita vacina.”

Quanto à questão da tão desejada imunidade de grupo ou populacional chega a dizer: “Veja-se uma coisa: Felizmente 80% da população que até hoje teve esta doença não tem sintomas muito graves, anda constipada, com um pouco de tosse e não passa disso. De tal maneira que não valorizam, não lhes passa pela cabeça que têm covid-19. E há muitos assintomáticos. Só 20% da população é que merece cuidado e desses só praticamente 5% é que vão para cuidados intensivos. São os grupos de risco, como é evidente. Além das pessoas com determinadas patologias, são os mais velhos. Mas na realidade só agora com os testes serológicos é que vamos começar a poder saber qual é a percentagem da população que teve ou não a doença. São os testes do futuro.”

Germano de Sousa refuta ainda o ponto de vista da cientista Maria Manuel Mota, que, em entrevista ao Expresso, disse que o SARS-CoV-2 “é um vírus relativamente bonzinho.” Sobre isso, o diretor clínico não tem dúvidas: “Não concordo. Este vírus é tudo menos bonzinho. É que no caso dos indivíduos que vão para os cuidados intensivos, toda aquela patologia pulmonar estranha que se está a assistir, e que não era comum na gripe, está a deixar sequelas graves. Não só pulmonares, como renais, etc. Este é um vírus perigoso que não pode ser levado de ânimo leve, nem com um sorriso nos lábios. Sobretudo para determinados níveis etários ou para pessoas com algumas patologias de base. E as provas estão aí, todos os dias.”

Mais para a frente, Germano de Sousa recorda os tempos de estudante em Coimbra quando cantava serenatas às mulheres amadas (algumas dessas serenatas encomendadas por amigos que não sabiam cantar, nem tocar, mas queriam conquistar alguém à janela), os desafios de ser médico durante a guerra em Angola - em que por várias vezes arriscou a vida para auxiliar os outros - ou como nasceu a grande amizade e cumplicidade com o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa apesar de terem diferentes ideologias políticas.

E ainda nos canta um fado à capela e partilha algumas das músicas que lhe enchem a alma e o sorriso, assim como as séries que anda a ver.

Isto e muito mais para ouvir neste episódio do podcast "A Beleza das Pequenas Coisas".

Desta vez, a edição áudio é da Joana Beleza. E, como habitual, o genérico desta temporada é uma criação original do músico Luís Severo.

Mantemos o desafio a todos os ouvintes para que enviem as suas opiniões, sugestões, histórias e comentários para o seguinte email: abelezadaspequenascoisas@impresa.pt

Voltamos para a semana. Até lá, pratiquem a empatia, protejam-se e boas conversas!

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