A Beleza das Pequenas Coisas

Ney Matogrosso: “O Brasil está rachado. Uma dessas metades caminhou para trás assustadoramente”

31 outubro 2019 12:28

Bernardo Mendonça

Bernardo Mendonça

Jornalista

Jornalista

Joana Beleza

Joana Beleza

Edição áudio

Ana Brígida

Fotografia

Fotógrafa

Ney é um rei na arte de transformar um show musical num acontecimento e numa transgressão neste novo Brasil que, de repente, parece ter recuado mais de 30 anos. A “Rolling Stone” brasileira chamou-o “Deus do sexo da música brasileira”. Mas ele é mais do que isso. Em 1977, Ney Matogrosso foi escolhido por reclusos de uma prisão para lá atuar, por considerarem-no o representante da liberdade. Sobre ele já disseram que era uma mistura entre Bowie e Carmen Miranda. Ou de Jack Nicholson... com Josephine Baker. Comparações sempre injustas para quem é único na sua arte. Em 2020 sairá um biopic que retratará a sua vida. E Ney Matogrosso está agora de volta aos palcos e a Portugal com o espetáculo “Bloco na Rua”: Coliseu do Porto, dia 3 de novembro, e Coliseu de Lisboa, a 5 e 6 do mesmo mês. Sobre a vertigem do passado, quando o desejo falava mais alto, partilha: “Cheguei num ponto da minha vida em que se eu não 'transasse' não dormia." Para ouvir neste episódio do podcast “A Beleza das Pequenas Coisas”

31 outubro 2019 12:28

Bernardo Mendonça

Bernardo Mendonça

Jornalista

Jornalista

Joana Beleza

Joana Beleza

Edição áudio

Ana Brígida

Fotografia

Fotógrafa

O encontro foi numa sala do último andar do Hotel D. Pedro, em Lisboa, com uma vista panorâmica para Lisboa. Ney acabara de chegar no dia anterior do Brasil e ainda estava a recuperar do jetlag. “Mas estou bem.” Gentil e disponível acedeu a fazer os nossos retratos não só com um pequeno espelho trazido pela fotógrafa, como na casa de banho das senhoras, por ter um fundo que a cativou. “Vamos lá.” No dia seguinte, Ney partiria para Londres onde apresentou o seu novo espetáculo “Bloco na Rua” em todo o seu esplendor. E com ainda mais liberdade. “Este show é todo de improviso. Tanto que quando quero repetir no dia seguinte alguma coisa que gostei de fazer no dia anterior, não me lembro. Porque senti vontade de estar mais ‘liberado’ em palco.”

Tomem nota: Ney estará nos coliseus e o alinhamento revelará a diversidade do repertório: “Eu quero é botar meu bloco na rua” (Sergio Sampaio), de onde saiu o título da digressão, “A Maçã” (Raul Seixas), “Álcool (Bolero Filosófico)", da banda original do filme "Tatuagem” (DJ Dolores) ,“O Beco”, gravada por Ney nos final dos anos 80 (Herbert Vianna/Bi Ribeiro) e "Mulher Barriguda", do primeiro álbum dos Secos e Molhados, de 1973 (Solano Trindade/João Ricardo), entre tantos outros.

O figurino, que causa sempre um ‘bruá’ e expectativa quando se fala de um espetáculo de Ney Matogrosso, foi criado à medida pelo estilista Lino Villaventura. Luiz Stein assina o cenário, composto por projeções, e Juarez Farinon a luz do espetáculo, com supervisão de Ney.

​A banda afiada é a mesma que o acompanhou nos últimos cinco anos, a qual reúne Sacha Amback (direção musical e teclado), Marcos Suzano e Felipe Roseno (percussão), Dunga (baixo), Mauricio Negão (guitarra), Aquiles Moraes(trompete) e Everson Moraes (trombone).

Quanto a esta conversa em podcast, deixamo-vos aqui apenas a transcrição do início para vos dar embalo a clicar no ‘play’.

"- Continua a ter um espírito livre e transgressor?
Continuo sendo transgressor porque continuo fiel a mim mesmo. Não me submeto ao que as pessoas acham que têm que se submeter.
- Então não está mais pacificado, amansado com os anos?
Não. Isso vai morrer comigo. Eu nasci para ser isso.
- Ser o quê?
Uma pessoa assim, diferente das outras. E que compra a barra de ser diferente. Exponho-me. Sempre me expus com a maior clareza."

Isto e muito mais para ouvir neste episódio, onde Ney chega a contar como transformou a relação de ódio com o seu pai em amor. Mais uma vez a edição áudio é de Joana Beleza. E a beleza deste genérico é uma criação original do músico Luís Severo. O retrato belíssimo é assinado por Ana Brígida.

Mantemos o desafio a todos os ouvintes que enviem as suas opiniões, sugestões, histórias e comentários para abelezadaspequenascoisas@impresa.pt

E marquem na agenda e juntem-se a nós no sábado, dia 9 de Novembro, às 17h30, no espaço Fábrica Features Lisboa, no Chiado. Os lugares sentados estão esgotados, mas havemos de arranjar maneira de arranjar espaço para todos. Contamos convosco por lá.

Até para a semana. Pratiquem a empatia. E boas conversas!

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