14 novembro 2008 12:39
O improvável horizonte do primeiro lugar, num duelo de personalidades .
14 novembro 2008 12:39
Oitava jornada do campeonato. Quatro equipas com um jogo que coloca, no fim do seu horizonte, o primeiro lugar. Benfica, Sporting, suspeitos do costume, Leixões e Nacional, heróis acidentais. Causa estranheza não encontrar neste exercício, o FC Porto.
Abalado pelos ventos internos, equipa em reconstrução, e externos, os remates improváveis de Braga e Daniel Cruz, o 'onze' do Dragão caiu para oitavo lugar. Olha à sua volta e não reconhece o território onde está. Será também um pouco assim, embora despertando sensações opostas, como o Leixões se sentira na ilha do primeiro lugar. A jangada de Mota vai a Alvalade com essa aura. Líder isolado do campeonato. Sair do "castelo do leão" nessa posição é mais do que uma questão de astúcia táctica.
O actual Leixões é hoje sobretudo um "estado de espírito". Jogadores confiantes que se sentem importantes. Um bom ponto de partida para um jogo que, bem vistas as coisas, não é do 'campeonato' do Leixões. Wesley, Chin, Souza, Beto ou Braga querem, no entanto, continuar a provar o contrário. Á sua dimensão, a jangada tácica de Mota também desenha muitas vezes um losango, quando Wesley é a seta ofensiva e a dupla China (trinco), Souza (entre o centro e a meia-direita) e Hugo Morais (entre o centro e a meia esquerda) vão encurtando e esticando as suas posições no campo.
Pela relva de Alvalade, vão-se cruzar com jogadores quase com dupla personalidade. Moutinho muda de posição e com ele muda o espaço de aceleração do meio-campo. Se essa troca for com Rochemback a diferença de ritmo ainda se torna mais evidente. Veloso joga como um relógio, mas nem todas as alturas do jogo pedem o mesmo ritmo. Romagnoli fica confundido com toda essa variação rítmica que se passa atrás de si. O seu jogo, estilo "aviãozinho de papel", pede maior protecção nas suas costas. Ou melhor, alguém que entenda melhor os seus movimentos.
Neste cenário, é Izmailov o jogador que melhor consegue dialogar com qualquer outra posição partindo do seu habitar, o mais fixo do losango, a ala-esquerda. Perdido desta equação, o jogador que podia significar outro ritmo e outra ocupação de espaços (largura e profundidade). Vukcevic, claro. É difícil ver onde pode evoluir ainda este Sporting. A equipa tem o seu meio-campo preso por cordas desde a posição de um pivot-defensivo que (Veloso ou Rochemback) é estruturalmente lento.
Se mantiver esse princípio, isto é, o de colocar o médio mais lento nessa posição e deixar o outro de fora, a diferença de ritmos ganha critério porque depois, à sua frente, surgem outros jogadores (Moutinho-Izmailov-Romgnoli) que se entendem no ritmo. Quando, ao invés, entra nesse trio um 'intruso' do chamado 'ritmo lento', toda a dinâmica do sector fica confundida. E o bom futebol esfuma-se.
O jogo com o Leixões, uma equipa que sabe estender-se bem no meio-campo, será uma boa forma de ver tudo isto. E pensar no futebol como um jogo que, no fundo, apenas se baseia em criar e aproveitar espaços.