Joviana Benedito

Os jovens e a qualidade de ensino

18 outubro 2009 8:00

Joviana Benedito (www.expresso.pt)

18 outubro 2009 8:00

Joviana Benedito (www.expresso.pt)

Na campanha eleitoral alguns jovens reclamaram qualidade de ensino. Gostava que eles me explicassem o que na realidade querem. Talvez me dissessem: boas escolas, bons professores. Como definirão eles uma boa escola ou bons professores? Será que eles contribuíram ou contribuem alguma coisa para a qualidade de que falam ou é só para os outros lhes darem tudo de bandeja e eles nada têm a ver com isso? 

Uma coisa é ouvir os jovens na rua emitirem slogans politicamente correctos para agradarem aos adultos e sobretudo na campanha eleitoral em que o objectivo era ferir o adversário político. Outra coisa é conhecer a realidade por dentro como eu a conheci. Conheci bem os alunos. A maioria não quer nada que dê trabalho.

Tem sido uma geração atrás da outra com défice de responsabilização na construção da sua própria vida. A maioria tem levado anos e anos a estudar o quê? Estratégias para passar de ano fazendo o menos possível! Gostam de professores faltosos (alguns atrevidos perguntavam-me logo na 1ª aula do ano se eu era de faltar muito), de professores "porreirinhos" que exigem pouco e dão altas notas, etc, etc. E outras estratégias: mudar de turma, mudar de turno, mudar de escola, etc, para conseguirem passar ou para conseguirem as benditas notas altas, facilmente. Acontece no secundário e no superior. E nestas estratégias também colaboram alguns pais com aquela lógica " se eu não ajudar o meu filho quem ajudará?", mesmo que o ajudar seja por caminhos ínvios.

Mas para que haja qualidade é preciso que os alunos sejam parte activa no processo como refere Moran:

"Alunos motivados, preparados intelectual e emocionalmente, com capacidade de gerenciamento pessoal e grupal."

...

Temos bastantes alunos que ainda valorizam mais o diploma do que o aprender, que fazem o mínimo (em geral) para ser aprovados, que esperam ser conduzidos passivamente e não exploram todas as possibilidades que existem dentro e fora da instituição escolar".

A maioria dos alunos portugueses não tem ainda maturidade emocional e intelectual para ser parte activa e interessada na construção do seu saber. Acham que a escola só é boa para estarem com os amigos e os professores um obstáculo ao seu doce "farniente".