Joviana Benedito

Oportunidades... (1)

26 julho 2009 8:00

Joviana Benedito

Vem este tema a propósito dos cursos chamados "novas oportunidades".

26 julho 2009 8:00

Joviana Benedito

Marta Oliveira Santos, licenciada em Filologia Românica e colaboradora de várias publicações, escreveu um artigo sobre o assunto, para o Jornal da Educação, que titulou "Novas Oportunidades A ignorância certificada"

"O país encontra-se com uma taxa muito baixa de escolaridade em relação aos paises da EU (União Europeia). Logo há necessidade de colmatar esta situação e, para isso foram criadas "As Novas Oportunidades", uns cursinhos intensivos de três meses, no fim dos quais os "estudantes" (agora com o nome pomposo de formandos) obtêm o certificado de equivalência ao 9º ou 12º anos. Fantástico, se os cursinhos fossem a sério!...

Perante a publicidade aos referidos cursos, aqueles que abandonaram a escola ou, por qualquer razão não concluíram um dos ciclos de escolaridade, esfregaram as mãos de contentes, uma vez que agora se lhes oferece a oportunidade de obterem um certificado de habilitações que lhes poderá vir a ser útil. E como diz o ditado"mais vale tarde do que nunca", eles lá se inscreveram. Por outro lado, três meses das 7.00 as 10.00 horas, horário pós-laboral, uma vez por semana, era coisa fácil de realizar. Coitados daqueles que andam 3anos (7º, 8º e 9º anos) para concluírem o 3º ciclo!!! Isso é que é difícil!" ( Pode ser lido online)

Estas novas oportunidades não são únicas na história da educação em Portugal.

Resultam de uma visão política?

E que decisões governamentais, deste século ou de qualquer outro, não são actos políticos?

Sempre houve oportunidades que, sendo um acto político, beneficiaram e beneficiam os cidadãos que delas necessitam: a alfabetização de adultos, a formação de professoras regentes, os cursos liceais nocturnos depois transformados em ensino recorrente, os cursos nocturnos nas universidades, a segunda época de exames em Setembro no secundário e superior, as equivalências de disciplinas ou de cursos, os regimes especiais de exame, por exemplo, para os militares vindos da guerra do ultramar ou exames de equivalência para os jovens vindos do estrangeiro, etc.

O espírito antigo de ensino elitista tem de acabar. A escola obrigatória hoje deve desenvolver a inteligência e as capacidades e não fazer exames absurdos. A selecção deve ser feita depois da escolaridade obrigatória pelas universidades e pelas empresas.

Todos os utilizadores destes regimes especiais mereciam ou merecem novas oportunidades? Claro que sim. Ninguém deve ser condenado a morrer analfabeto ou impedido de progredir na aquisição de conhecimentos. 

Joviana Benedito Profª. aposentada do Ensino Sec. e autora