A única maneira de acabar com as cheias, terríveis cheias, pitorescas cheias, é a de inundar permanentemente as zonas mais afetadas, criar uma Lisboa parcialmente submersa e parcialmente alegre, Lisboa Best Aquatic Travel Destination
No fundo, no fundo, os autarcas lisboetas gostam de cheias. De inundações, não sei. De cheias gostam mesmo. "Cheia” cobre mais território do que “inundação”, que é coisa que só acontece às caves e a armazéns de estabelecimentos de restauração. Inundação tem som de projeto autárquico que aguarda licenciamento: “O Sr. Engenheiro já enviou os papéis para o projeto de inundação?”; “Ó, Fátima! Sabes em que pé é que está aquilo da inundação?”; “Sotôr, veja lá que o prazo das candidaturas para a inundação acaba hoje.” Já a cheia, quando vem, bíblica, diluvianam, leva tudo à frente. Não respeita prazos, nem os esforços dos sapadores.
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