Opinião

O turismo arruaceiro

19 maio 2023 1:28

De Bali a Amesterdão, passando por Lisboa, o turismo de massas regressou para vandalizar

19 maio 2023 1:28

Uma das expectativas que ocorreram a meio da pandemia foi de que sairíamos disto melhores seres humanos. Já podemos dizer que tal não aconteceu. Não só as guerras e conflitos começaram com violência inesperada como o turismo de massa regressou ainda com mais força, mas desta vez veio com contas a ajustar, com um inusitado sentimento de vingança. E talvez seja a hora de também falarmos disto.

A ilha de Bali tem sido o caso mais noticiado. As autoridades locais querem acabar com os “maus turistas”, que “têm sexo em público, não respeitam leis do trânsito, traficam drogas, desrespeitam locais sagrados”, de entre outros comportamentos tidos como inapropriados. Muitos dos incidentes reportados são protagonizados por russos e australianos bêbados — as duas nacionalidades que mais visitam Bali — que transformaram a ilha num local de borga, bebida barata e exageros. Mas que fazer agora? Muita coisa. De impedir estrangeiros de conduzir scooters, a leis mais duras para comportamentos desrespeitadores em locais sagrados. E exigir que se traga um montante mínimo de dinheiro, dado haver o mito que em Bali se pode viver com muito pouco — o que atrai multidões de turistas “pé descalço”, cujo objetivo é farra na areia e sexo dentro dos templos. Nas Filipinas, o ex-presidente Duterte conseguiu limpar alguns locais que eram “esgotos”, a começar por Borocay. Mas Duterte tinha a “facilidade” de não se reger por leis democráticas e fazer o que queria.