Opinião

A importância do adjunto Pinheiro para os destinos da nação

5 maio 2023 0:00

Contra os factos arrolados por Costa para não demitir o ministro, Marcelo veio contrapor a “percepção pública” — um Presidente e professor de Direito a defender a justiça popular contra a justiça fundada em factos?

5 maio 2023 0:00

Podia ao menos chamar-se Carvalho ou Faia, essas árvores majestosas do Norte; ou Sobreiro ou Azinheira, as do Alentejo, que não ardem; ou Oliveira, que resiste a tudo e vive eternamente; ou Alfarrobeira ou Figueira, árvores do Algarve, que dão sombra e frutos e não roubam água, como os queridos abacateiros da ministra da Agricultura. Mas, não, o homem chama-se Pinheiro e, seguramente, da espécie pinheiro-bravo, que não dá sombra nem pinhas mas serve para incendiar a terra, furtar o computador de serviço, espancar as colegas e atirar a bicicleta contra as janelas do Ministério. O ajunto Pinheiro conseguiu a proeza de preencher o vazio dos noticiários num longo fim-de-semana de praia, desassossegar as miniférias do primeiro-ministro na Toscana, deixar a oposição a babar-se de excitação com mais um episódio determinante para o futuro da TAP e pôr o Presidente, que disserta nas feiras sobre a dissolução do Parlamento e do Governo, a declarar que desta vez “o tema é tão particularmente sensível que não pode ser tratado na praça pública”. E, ao longo de toda uma terça-feira que parecia condenada à monotonia habitual — isto é, a seguir à CPI à TAP —, o adjunto Pinheiro tornou-se a figura central da nação, congregando em si mesmo todo o regular funcionamento das instituições democráticas, levando tudo atrás de si, qual onda canhão da Nazaré: o ministro, o SIS, a sobrevivência do Governo, a relação do PM com o PR e até as boas notícias da economia — que, como explicou o Presidente, não têm nada a ver com a boa governação. Assim como nada disto, obviamente, tem a ver com a TAP. Porque tudo isto, não sei se se lembram, acontece a propósito da TAP.

Este é um artigo do semanário Expresso. Clique AQUI para continuar a ler.