Exclusivo

Opinião

Aquele sensato aviso de Jorge Sampaio a Guterres (para Costa agora ler)

Aquele sensato aviso de Jorge Sampaio a Guterres (para Costa agora ler)

David Dinis

Director-adjunto

Quando o PS estava a entrar no pântano, lá atrás no ido ano de 2000, a sua maior referência ética estava em Belém. Jorge Sampaio forçou Guterres a demitir um ministro mas, segundo a sua biografia, alertou-o para o estado das coisas. Costa devia reler esses avisos, que estão na biografia de José Pedro Castanheira. A sua situação hoje não é igual, mas começa a ser perigosamente parecida. Este é o Observatório da Maioria, newsletter do Expresso para assinantes

Não se perca: esta crise política está longe do fim e continuamos a segui-la em direto aqui. Antes, proponho-lhe uma breve visita histórica.

Estávamos no final de 2000, a dobrar o milénio. António Guterres iria ao Parlamento defender o seu ministro Armando Vara, acusado de criar uma fundação privada com dinheiros públicos para promover campanhas de segurança rodoviária. Foi o pior debate da vida política de Guterres. Jorge Sampaio chamava o seu assessor Jorge Novais para preparar a uma declaração que forçasse Guterres a demitir Vara.

No Palácio de Belém, conta o biógrafo de Sampaio, José Pedro Castanheira, o Presidente não poupou o primeiro-ministro: pediu-lhe que extinguisse a Fundação, fala-lhe de uma “crise de autoridade”, deplora a “degradação” em que o Governo se deixou envolver. E avisa: “Se não houver demissões não estou em condições de ficar calado”, porque “há comportamentos que são politicamente inaceitáveis num Estado de Direito”.

Jorge Sampaio seria reeleito dois meses depois. Vara tinha sido afastado, assim como o então secretário de Estado da Administração Interna, mas o resto do Governo seguiria intocável, em degradação contínua - mais ainda com a saída de Jorge Coelho após a tragédia de Entre-os-Rios. Os Cadernos de Jorge Sampaio nesses tempos, citados pela biografia, dão-nos conta que o primeiro-ministro havia falado com todos os seus ministros, assinalando fragilidades em ministérios como as Finanças, Saúde, Defesa e Cultura. Mas Guterres mantinha-se confortável nas sondagens - e deixou o Governo na mesma. Em Belém, os assessores do Presidente davam conta do “cansaço”, “fim de ciclo”, “divórcio” da sociedade civil - e aconselhavam uma remodelação de “metade do Governo”.

A remodelação só chegaria em julho, seis meses depois. Foi a última de Guterres. Sampaio pressentia que podia ser tarde: “O Governo não tem tempo a perder para ir ao encontro das expectativas dos portugueses e da resolução dos problemas nacionais”. Mas esse Governo cairia em dezembro, depois de uma copiosa derrota nas autárquicas.

E hoje?

Artigo Exclusivo para assinantes

Assine já por apenas 1,63€ por semana.

Já é Assinante?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para continuar a ler

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: ddinis@expresso.impresa.pt

Comentários

Assine e junte-se ao novo fórum de comentários

Conheça a opinião de outros assinantes do Expresso e as respostas dos nossos jornalistas. Exclusivo para assinantes

Já é Assinante?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para se juntar ao debate